O espectador renova forças ao longo de todo ano para aguardar outro capítulo da Saga mais famosa e impactante culturalmente da sétima arte : Star Wars. O capítulo VIII chegou aos cinemas com a função de ligação. O segundo filme da nova trilogia estreiou e deixou quem vos escreve com a sensação de divisão. O filme foi perdendo e ganhando força ao longo das duas horas e meia de trama. O universo rico de Star Wars permite explorar uma gama imensa de personagens novos e desenvolver melhor o arco dos protagonistas. O segundo capítulo equilibra a força entre o passado e o presente. O embate entre o novo e o antigo, Luke Skywalker X Kylo Ren.
Logo no prólogo da trama o espectador é inserido no universo de Star Wars. Uma batalha espacial entre a Resistência dos Rebeldes liderados por Poe Dameron e Princesa Leia e no lado oposto, a Primeira Ordem comandada pelo caricato General Hux, Kylo Ren e o líder Supremo Snoke. O primeiro ato envolve o público e proporciona ao arco de Poe uma importância significativa ao longo da trama. O piloto "encrenqueiro" leva literalmente um tapa na cara e passa todo o filme tentando compreender que se deixar levar pela intuição é importante, mas mais do que a intuição, o trabalho em grupo no desfecho da trama faz a diferença. Sempre foi assim em Star Wars e aqui nesse capítulo não seria diferente.
O grande destaque do roteiro fica para os personagens de Luke e Kylo. O belo embate entre os dois e o crescimento do arco dos protagonistas inserem o espectador em Os Últimos Jedi. Adam Driver sofreu severas críticas pela construção do dúbio vilão. Em O Despertar da Força, a imaturidade do personagem causava ruídos na trama. Neste oitavo capítulo, Kylo está mais firme em seus propósitos e menos garoto mimado. Adam percebe que o personagem precisa demonstrar o lado negro da força aos poucos para que no capítulo final, ele demonstre toda a potência e lado sombrio de Kylo. Alguns ataques de fúria ainda persistem, pois são da personalidade do protagonista é não teria sentido ele deixar características marcantes de lado. Já Luke Skywalker também é imprescindível para o desfecho e dualidade do personagem. Mark Hamill transforma Luke e explora um lado diferenciado e marcante do protagonista. A resistência de Luke ao ajudar Rey é reflexo da própria resistência em lidar com a força. Os Últimos Jedi é um filme sobre compreensão, sabedoria e fracasso. Luke contempla todas essas questões em um belíssimo arco com um desfecho digno de emocionar cada fã na poltrona. Soluços e um aperto inevitável na garganta são inevitáveis.
A força de quem escreve esteve dividida ao perceber que o ritmo do filme ficou prejudicado consideravelmente em momentos significativos para os novos personagens Kylo e Rey. Toda vez que os personagens estabelecem um elo forte, a trama perde o ritmo. Várias vezes durante o filme, o roteiro explora a ligação de Rey e Kylo, que a instiga ao saber a verdade sobre seus pais. O problema é explorar sucessivas vezes a mesma situação pausando a trama. No desfecho o espectador descobre que Rey, como acontece em toda a Saga, além de explorar o equilíbrio da Força, ela busca também o auto conhecimento. Outra questão que dividiu a força da escrita são personagens que aparecem e fazem a trama engatar, mas não são significativos para o filme como um todo. Dj de Benício Del Toro e Maz Ganata de Lupita Nyong'o poderiam ser descartados sem prejudicar os demais personagens.
A direção de Rian Johnson propõe uma trama mais introspectiva sobre o saber da força. É um filme que alterna momentos empolgantes nas batalhas, na fuga de Finn e Rose, uma nova personagem que impulsiona a trama, mas que nos momentos de introspecção peca no ritmo. A resistência de Luke, o treinamento de Rey e a ligação da protagonista com Kylo são momentos reflexivos também presentes em filmes anteriores, mas que neste capítulo prejudicam consideravelmente a trama. O personagem de Andy Serkis também perdeu força na hora da escrita, na realidade acredito que o arco de Snoke nunca teve tanta força assim. Ele foi um mero obstáculo para o verdadeiro vilão dessa nova Saga. No final da crítica ficou a sensação de uma força dividida. A força de quem escreve dividida está.
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