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Mostrando postagens de novembro 24, 2019

A cegueira e alienação persistem (O Mês que Não Terminou)

O documentário de Francisco Bosco e Raul Mourão vai além dos demais longas políticos lançados atualmente e busca ampliar os lados opostos da direta e esquerda. Os atos exploram o cuidado dos diretores ao enfatizar as consequências do mês de junho de 2013, onde vários movimentos sociais foram para as ruas reivindicar direitos. Do movimento inicial contra o aumento dos valores da passagem de ônibus até o radicalismo extremo da esquerda e direita que culminou na eleição de Jair Bolsonáro. O documentário avança nos anos e explora depoimentos que reverberam e auxiliam na compressão da revolta e raiva que tomou conta do país. Parecia inexplicável como os debates transformaram-se em verdadeiras mini guerras onde todos ainda permanecem cegos e surdos dentro de suas verdades e bolhas virtuais. O filme explica com depoimentos de cientistas políticos, filósofos, economistas e figuras conhecidas dos dois extremos como as ruas foram tomadas por grupos sociais e amplia o olhar do espectador

Dulcina vive intensamente em cada artista (Dulcina)

A diretora Glória Teixeira conta a trajetória de Artista Dulcina de Moraes em um documentário que alterna ficção e realidade. A diretora mescla depoimentos de companheiros dos palcos, alunos e atrizes interpretando a protagonista. As atrizes que interpretam Dulcina também são entrevistadas para relatar momentos memoráveis da atriz. Dentre as características que permeiam todos os depoimentos estão o bom humor e a rigidez da artista com os alunos. Quando o documentário foca em alunos da faculdade em Brasília, alguns relatavam que Dulcina chegava a dar tapas na cara dos alunos quanto eles não faziam o que ela queria.  Sou atriz e minha primeira peça de teatro foi no Teatro Dulcina, no Conic. Sabia da dimensão da Artista que leva o nome do teatro, porém com o documentário a importância de Dulcina para as artes cênicas brasileira me fez repensar o quanto significou ter pisado em um palco tão significativo. A Artista vendeu tudo que tinha no Rio para fincar raízes em Brasília. O teat

Estereótipos reforçados com humor (Alice Júnior)

Alice Júnior é um filme com público-alvo específico: o adolescente. A protagonista é extremamente moderna e cheia de atitude. Ela possui um canal no you tube e nele dialoga abertamente de forma corriqueira sobre aceitação e preconceito. O pai de Alice trabalha em uma empresa voltada para a fabricação de perfumes. Disposto a encontrar uma fragrância diferenciada ele decide mudar para Araucárias do Sul e extrair de uma pinha a essência para um novo perfume. É  o começo do pesadelo na vida da jovem Alice. A cidade pacata e interiorana não está preparada para receber uma jovem trans e do dia para a noite Alice precisa enfrentar batalhas que pareciam vencidas na cidade grande.  Com uma linguagem moderna e inserções constantes na tela o filme ganha um ritmo leve e dinâmico.  A protagonista dialoga diretamente com o adolescente conectado no mundo virtual e a imersão do espectador é imediata para este público alvo. Com uma trilha pop e roteiro causado no humor o roteiro trabalha os est

O reflexo da realidade (Piedade)

A cidade praiana de Piedade carrega consigo o peso da vida real. No filme de Cláudio Assis a frase: " A arte imita a vida" ganha contornos verídicos. Omar faz questão de alertar o sobrinho olhando para a imensidão do mar: " Há muito tempo atrás, isso aqui era cheio de gente". A praia está abandonada e o jovem não pode mais mergulhar no mar. O isolamento da cidade é reflexo da modernidade, onde uma empresa petrolífera, na figura de Aurélio, quer comprar o bar da família de Dona Carminha, o único local que ainda guarda lembranças e resiste ao tempo. A assinatura de Cláudio Assis está no tom de denúncia que percorre toda a narrativa, além do sexo que entrelaça os personagens. Mais o que realmente chama a atenção é  o pé no freio de Assis deixando a abordagem crua que permeava os demais longas para dar passagem ao tom mais sensível ao abordar os arcos dos personagens. O diretor presa por um ritmo mais contemplativo para interligar as subtramas a trama central. A