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Mostrando postagens de janeiro 12, 2020

E a emoção? (O Farol)

O diretor Robert Eggers em O Farol segue uma lista e entrega ao espectador um filme tecnicamente impecável. Cada cena é um colírio para os olhos e realizar o projeto com a fotografia em preto e branco potencializa ainda mais o preciosismo do diretor. No longa, Thomas Wake e Ephraim Winslow são responsáveis por cuidar de um farol isolado. Thomas contrata Ephraim para ajudá-lo e aos poucos ambos começam a travar uma luta de egos e masculinidade. Tudo é explorado aos poucos para que a relação entre os protagonistas tenha força e consiga mover a trama. A premissa é simples, porém, repleta de significados mitológicos, filosóficos e principalmente de superação de traumas. Thomas possui uma ruptura familiar e Ephraim procura constantemente a afeição paterna.  A impressão que o filme passa ao longo dos atos é que Robert elaborou uma lista com tópicos a serem seguidos. Cada tópico realizado com êxito significava um "check" na lista do diretor. Realizar o filme com uma razão de...

Um sopro de criatividade (Uma Fuga para a Liberdade)

A impressão que   Taika Waititi  transmite para o espectador é de ser um diretor despretensioso. Na realidade a simplicidade é consequência de um trabalho autoral apurado. Em Uma Fuga para a Liberdade a autoria na direção é reflexo do aprimoramento de cada elemento narrativo. Na trama o jovem problemático Ricky Baker procura um lar que o acolha após várias tentativas frustradas de adaptação. Uma provável adaptação é sentida no lar de Hector. Após boa parte do primeiro ato explorar a reação dos personagens com a tentativa de adoção, tudo parece desmoronar com a morte da esposa de Hector. Neste momento de luto, o espectador acompanha o estudo mútuo dos personagens que avança durante a trama. A simplicidade da direção de Taika é camuflada, pois o que se tem em tela é o cuidado com cada elemento narrativo. O roteiro do diretor prioriza o estudo dos personagens e Taika consegue explorar cada detalhe de forma certeira para que o espectador fique imerso na narrativa. Os ...

Cinema é um diálogo entre os elementos narrativos (O Escândalo)

Nomes de peso seguram um filme? O Escândalo é o exemplo que um longa necessita de muito mais do que os principais nomes de Hollywood. O filme "só" apresenta no elenco Kidman, Theron e Robbie. Com esse trio o estúdio teria ao menos público garantido. Certo? Longe disso, afinal de contas, o espectador é o maior crítico de um longa. Ter atrizes comprometidas nunca foi sinônimo de bilheteria. O público dita o termômetro após a sessão e atualmente bem antes do filme ir aos cinemas, como foi o caso de Cats e Sonic. Os tempos mudaram e um nome de peso, ou melhor, três, não quer dizer muito sobre o filme. O conjunto dos elementos narrativos sempre fez a diferença e se um deles está fora do lugar, não existe atriz de peso que resolva a situação. É o que acontece em O Escândalo. Os produtores trabalharam com apostas certeiras: atrizes competentes, um diretor que possui em sua filmografia filmes baseados em fatos e um roteirista autoral. Tudo no devido lugar, mas cada filme percorr...