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Mostrando postagens de maio 16, 2021

Opostos em um road movie (Na Trilha do Sol)

O roteiro de Na Trilha do Sol explora personalidades opostas: de um lado, o médico oncologista Michael Reynolds, extremamente racional; de outro, o jovem Brandon, que conhece o doutor em um programa específico do governo voltado para o tratamento de presidiários. Brandon não vê outra saída, com apenas um mês de vida, decide sequestrar Michael, pois acredita que pode ser curado por um indígena, no Arizona. O grande trunfo do espectador é a relação entre os personagens. Não existe coadjuvante, Woody e Joh ganham a narrativa por completo. O embate entre ambos, aos poucos, ganha intensidade e empatia. Fé, religião, preconceito e diferenças sociais são subtemas explorados na trama. Quando Michael tenta resistir o roteiro explora vias fáceis para que Brandon fuja com um carro roubado. Tirando todo núcleo de Victoria, que quebra a intensidade da relação entre os protagonistas, o roteiro ganha o espectador ao explorar a relação dos personagens principais.  Como o roteiro é voltado para a inter

Imagens que ecoam de forma significativa no espectador (Noite e Neblina)

Noite e Neblina é um documentário com duração de trinta e dois minutos que explora os horrores da Segunda Guerra Mundial, em específico, os campos de concentração nazista. A pequena duração é mais do que suficiente para fazer com que o espectador tenha contato com o que foi um dos piores genocídios mundiais. A proposta do filme de Alain Resnais é alternar imagens da guerra e pós-guerra. A atmosfera densa e fria das imagens em preto e branco contrastam com nascimento da grama verde viva, apesar dos arames farpados ainda permanecerem no local como uma terrível lembrança. O roteiro de Jean Cayrol, poeta sobrevivente do holocausto, utiliza o recurso da narração para aproximar o espectador e o convida para ir além das imagens perturbadoras. Todo o sofrimento presente no documentário destaca os sentimentos vivenciados por Cayrol. Sobreviver a fome, doenças, frio, calor, desespero com um pouco de poesia. Encontrar leveza nas frases do roteirista é uma tarefa difícil para o espectador, pois as

Equilíbrio com sensibilidade (O que Será?)

Bruno Salvati é um cineasta frustrado, inquieto e extremamente sarcástico. Após flertar com uma moça na rua, o protagonista, em um momento de distração, bate a porta do carro no nariz. Bruno demora para estancar o sangue e realiza alguns exames. Dra Paola o alerta sobre o diagnóstico: o protagonista sofre de uma doença grave que pode ser fatal. Ao tentar a doação dos filhos e familiares sem êxito, uma esperança surge em outra cidade. A esperança faz segredos serem revelados e os laços familiares ficam estremecidos. O que Será? alterna momentos cômicos e dramáticos no arco de Bruno. O roteiro explora por meio de flaskbacks a infância do protagonista, a relação de afeto materno e as rusgas com o pai. Existe uma quebra natural no ritmo da narrativa por conta dos flashbacks, mas a opção em destacar tais momentos entre uma sessão e outra de quimioterapia, destaca a pausa que o longa necessita para o melodrama. O terceiro ato ganha um ritmo mais acelerado com o encontro de Bruno e Fiorella.