Os atores fazem o que podem com a confusão do roteiro. Gary Oldman é um coadjuvante de luxo que poderia auxiliar na atmosfera tensa que envolve a família Russell, mas o que temos é um ator grisalho que surge para "ameaçar" Anna. Ameaças vazias que nunca são concretizadas. O verbo surgir serve de mantra para os atores. Em uma ponta Julianne Moore também surge e deixa o espectador com indagações que são explicadas em poucas frases. Da mesma forma abrupta que Jane entra no apartamento de Anna, a personagem é retirada da trama sem preparo algum. Na outra ponta, com uma filmografia ainda no começo, Fred Hechinger ganha um destaque aquém de seu talento. As nuances de Ethan não alcançam o suspense necessário e o ator se perde na caricatura do jovem perturbado. Quem realmente atinge todas as camadas necessárias Amy Adams que abraça a complexidade da protagonista e consegue envolver o espectador. A atriz intensifica a tensão e nos faz refletir sobre o que é real ou imaginação.
Outro que realmente está repleto de boas intenções é o diretor Joe Wright. Não há como negar que o diretor possui domínio com a câmera nas mãos. O grande problema é simular ângulos e planos próximos aos de Hitchcock. Joe tenta criar uma atmosfera de tensão e torna-se refém dos clássicos do mestre. Se o diretor deixasse a autoria falar mais alto, às homenagens não seriam pontas soltas. Em determinados momentos a montagem abrupta só prejudica ainda mais às intenções do diretor. Por falar em montagem, esse elemento narrativo não entra no quesito da intensão, até porque ela é a que mais contribuí para os ruídos do longa. Conclusão: uma montagem que só evidência ainda mais os equívocos do roteiro. Duplo tiro no pé que prejudica demais o ritmo da narrativa.
A Mulher na Janela possue algumas intenções certeiras: Amy está muito bem; Julianne causa frescor em um breve momento e Joe tenta imprimir segurança. O problema é que são boas intenções que se perdem no ruído dos demais elementos. Trilha deslocada que causa justamente o efeito contrário ao do suspense, um roteiro que aposta em personagens raros e subtramas que não são desenvolvidas por completo. O que poderia ser um ótimo suspense escorrega e cai feio na própria armadilha: a homenagem. O que faz do longa um suspense na superfície.
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