Esquadrão
Suicida além de inúmeros problemas existentes no filme ainda peca por ser fruto
das mudanças e pressões de Hollywood. Guardiões da Galáxia agradou e tinha um
quesito que chamava atenção: eram heróis pouco conhecidos do grande público. O
tom adotado por Batman Vs Superman foi mais realista e sombrio. Deadpool provou
que os filmes do "gênero" - escrevo gênero porque acredito que já
está mais do que consolidada a questão, não há como negar que após X-men, em
2000, os filmes de super-heróis só crescem a cada ano, renda fácil para os
estúdios, e portanto, um gênero novo está surgindo - poderiam explorar ao
máximo a comicidade dos personagens, mas o mercenário tagarela era totalmente
voltado para este tom. Juntar um grupo de heróis desconhecidos e elevar o tom
de comédia seria um acerto para a Warner / DC. O problema foi mexer na proposta
inicial e modificar tudo o que já estava estabelecido. É o que acontece em
Esquadrão Suicida, a trama já estava em andamento e com as críticas ao filme de
Batman Vs Superman, o filme tomou um rumo diversificado e prejudicou o
resultado final.
Além de lidar com os problemas externos, o filme possui inúmeros
equívocos de enredo, arcos dos personagem e a direção das cenas de ação. O
começo da trama serve para ambientar o espectador no universo proposto e
apresentar cada personagem da equipe. O roteiro prioriza a narração da agente
Amanda Waller que acredita na possibilidade de recrutar os vilões para uma
missão suicida. Cada um possui seu tema, músicas escolhidas de forma
interessante para encaixar no contexto dos vilões. Personagens devidamente apresentados
e com Viola Davis sempre estabelecendo uma presença forte nas cenas, a trama
foca na vilã principal. Ela apresenta um arco duplo, o que piora ainda o filme
pois, Cara Delevingne é inexpressiva e não explora as camadas para dar força a
magia. No terceiro ato, a personagem está literalmente dançando em cena, dessa
forma, não existe possibilidade do espectador acreditar nas motivações
propostas no roteiro.
O arcos dos personagens podem agradar aos fãs menos exigentes, mas
a partir do segundo ato, os únicos consolidados na trama são Arlequinae Pistoleiro. O vilão tem um laço forte com a filha. Já a vilã é vítima de sua
principal característica: a comédia. O que pode ser um atrativo de Margot
Robbie, no decorrer do filme, o espectador fica preso a previsibilidade das
cenas. A personagem aparece, logo teremos uma piadinha enfatizando a própria
cena, o que torna a metade do arco da personagem redundante. A história da
personagem poderia ser interessante por ter como companheiro de cena o coringa.
Poderia? Sim, infelizmente, o casal não funciona, muito pelo roteiro que não
sabe qual rumo dar para o casal. Arlequina têm motivos de sobra e cresce no
filme, mas o vilão palhaço/ gangster não acrescenta em nada para a trama. A
história paralela proposta no roteiro para explorar o personagem enfraquece
ainda mais a trajetória da vilã. Não sabemos ao certo se o filme quer focar no
romance do casal, em Arlequina ou no Coringa.
Toda a aura promocional de Esquadrão Suicida era voltada para o
Coringa. Cartazes, fotos e vídeos. Após a sessão, a impressão que se tem é que Jared Leto construiu um
personagem que obviamente foi pouco explorado. Pela dimensão e força que possui
e também pela competência do ator era de se esperar mais do roteiro e do que
foi vendido pela Warner. Acredito ser injusta a comparação com Heath Ledger
porque o trabalho do falecido ator era específico e todo o arco do
personagem foi explorado ricamente tanto pelo ator quanto pelo roteiro. Aqui,
Leto aterriza de paraquedas em uma trama pobre e sem sentido. Literalmente um estranho no
ninho.
A trama perde força no começo do segundo ato muito pela questão do
tom. Esquadrão Suicida era um filme mais tenso e sofreu várias modificações
para ficar mais leve. No terceiro ato, magia continua sua dança sem sentido e o
grupo que poderia unir forças para o embate final não consegue funcionar. Esquadrão
Suicida chamou atenção há um ano no lançamento do primeiro trailer mas o filme deixa a sensação no espectador ao final que foi muito barulho por nada.
Comentários
Obrigado. Olha, eu sei da competência do Leto... mas ainda acho que o Jake Gyllenhaal faria um papel melhor. Tava assistindo Donnie Dharko e a cara de psicopata ele já tem.