Assistir Tom Hardy em cena é sempre uma experiência impactante e em Venom-Tempo de Carnificina ela é ainda mais negativa. É nítido que o ator gosta de interpretar Eddie Brock e tem uma relação de amor e ódio com o simbiote, o problema é todo restante que realmente não funciona em nenhum quesito. O ator está mais solto na sequência e consegue interagir de forma espontânea com a alienígena digital, porém são tantos problemas que a interpetação de Hardy fica em último plano. A trama segue diretamente dos eventos ocorridos no primeiro longa. Eddie é foragido da polícia, mas continua a trabalhar como repórter (vai entender). Ok, o mundo não sabe que ambos são praticamente a mesma pessoa, mas ambientar o espectador é o mínimo que se espera da base do roteiro. O jornalista consegue um furo de reportagem ao entrevistar o serial killer Cletus Kasady, que aguarda execução pelos crimes cometidos. O último desejo do personagem é conversar com Brock, o que não fica muito claro são as motivações para tal conversa, na realidade é só uma conveniência do roteiro para que o vilão ganhe vida. Por falar em conveniências, elas são as verdadeiras protagonistas, pois em vários momentos as ações são justificáveis de maneira fraca e sem propósito. A relação de Anne com o protagonista sempre foi repleta de conflitos, mas utilizar a personagem como pretexto para ajudar Brock sem ao menos desenvolver o arco da personagem fica complexo de compreender as motivações de Michelle Williams, sem falar do noivo que surge também em momentos para ajudar o protagonista.
A crítica parece confusa e ela vai piorar quando carnificina encarna em Kasady. A motivação do vilão é resgatar o amor de sua vida, ou pelo menos é essa a motivação principal. Os vilões merecem um parágrafo especial por conta do visual e arcos confusos. Tudo na sequência é jogado literalmente para o espectador sem que ele consiga refletir sobre a cena anterior. Existe um resquício explorado pela montagem sobre a infância turbulenta de Cletus. Quando o espectador tenta compreender os conflitos internos do vilão, o roteiro nos transporta para o presente insinuando que o personagem gosta de sangue. Pronto! Basta um pequeno confronto e o sangue de Brock entra no corpo de Cletus. Vale fazer um paralelo com o Homem-Aranha que é picado e o público se diverte com a adaptação do herói até ele realmente entrar em ação. O aracnídeo teve motivos fortes para aparecer na crítica. A adaptação do vilão é feita com um pacto. Sim, um pacto. Após o gesto de amizade, o vilão começa a matança na cidade em busca do amor. Ah, Naomie Harris está livre, leve e solta como Francis e de vez em quanto discute o relacionamento com toques de feminismo. Imagine só!!! Mas como tudo que é ruim pode piorar, a personagem surge nos momentos mais oportunos e modifica da água para o vinho as ações da vilã. O visual da personagem é interessante, já o do par romântico? Woody Harrelson até brinca em uma cena com o cabelo.
Como o roteiro não ajuda a direção de Andy Serkis é puro reflexo da pressa nas motivações dos personagens. O embate final é dirigido com intensidade pelo Serkis, porém até chegar na ação propriamente dita, o espectador perde todo interesse nos personagens. O auxilio dos coadjuvantes nas cenas quebra constantemente o ritmo do embate. Uma conveniência de Michelle aqui, outra de Naomie ali e o vilão mesmo acaba desaparecendo no meio de tanta interferência. No final, a única motivação concreta para a sequência existir é o lucro nas bilheterias do filme anterior e ao que tudo indica teremos uma trilogia. Tom Hardy disse em entrevistas que possui contrato para três longas. Eu realmente não desejaria uma vida longa e próspera para o personagem, mas já que insistem...O cabelo, meu Deus, o cabelo... Pelo menos rendeu uma crítica divertida !
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