Aaron Sorkin busca um terreno confortável em Os 7 de Chicago ao explorar uma trama voltada para os tribunais. No começo da carreira o roteirista já demonstrava domínio ao apresentar diálogos precisos que exigiam um trabalho árduo do jovem astro de ação Tom Cruise. Em Questão de Honra, Sorkin tocava em temáticas envolventes que criavam uma atmosfera tensa para a narrativa. Buscar o interesse do público pela temática é a base de quem realmente sabe o que faz. No decorrer dos anos, o roteirista coleciona indicações e prêmios na televisão e cinema. Se Sorkin sabe como poucos dominar as palavras, o mesmo não acontece com a direção.
O roteiro é repleto de personagens que fica difícil destacar um protagonista como fio condutor da trama. Podemos destacar o nome mais conhecido deles: Eddie Redmayne. O ator vive Tom Hayden, um dos jovens que luta contra o posicionamento dos Estados Unidos na guerra do Vietnã. Dono de uma personalidade mais introspectiva, o arco de Eddie equilibra a balança quando Sacha Baron Cohen entra em cena. Abbie representa o movimento hippie quebrando a tensão com um arco mais leve. Aaron demonstra habilidade justamente ao explorar os pensamentos distintos de Sacha e Eddie em prol da mesma causa. Outra habilidade notável do roteirista é a introdução dos coadjuvantes com arcos precisos para o desenvolvimento da narrativa como um todo. Vale mencionar o arco de Frank Langella, que utiliza o poder de juiz do caso para condenar o grupo. O arco do ator demonstra claramente como o poder associado ao preconceito fere à democracia.
Dois elementos narrativos importantes auxiliam na atmosfera da narrativa: direção de arte e figurino. O cuidado especial ao explorar diferentes grupos intensificam a importância do figurino durante todo o filme. As jaquetas e boinas características do grupo político Panteras Negras e o movimento hippie com cores vibrantes fazem o espectador voltar para o ano de 69. A direção de arte está presente nos carros, lojas e cartazes. Outro destaque positivo no longa é o elenco. Sacha Baron Cohen recebeu uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante totalmente merecida. O ator empresta para Abbie momentos de humor, porém, quando a cena necessita de um tom mais dramático, Sacha diversifica ainda mantendo uma leve cominicidade. Frank Langella é o contraponto da trama. O julgamento político carregado de preconceito evidencia a postura do veterano ator em cena.
Aaron Sorkin também está na direção do longa e as mãos do diretor pesam de forma significativa para o espectador. A câmera registra momentos de tensão de forma competente, porém, nas cenas voltadas para o julgamento, o ritmo torna o filme cansativo. Em um primeiro momento, o longa teria a direção de Steven Spielberg, que proporcionaria uma atmosfera clássica e um tiquinho de melodrama. Provavelmente o desfecho seria o mesmo, com o zoom in focado em Eddie. Como o projeto ficou nas mãos de Sorkin, ao escolher entre a direção e o roteiro, melhor ficar na zona dominante: a escrita.
Comentários