De Volta Para O Futuro 2, O Poderoso Chefão - Parte 2 e O Senhor Dos Anéis : As Duas Torres. O que esses filmes tem em comum? São continuações. Sim, são continuações de ótima qualidade que agradaram em cheio o espectador. Esperar por sequências tão aguardadas e não criar expectativas é complicado, mas a espera por eles valeu a pena. Qualidade foi a palavra primordial. Após a franquia Harry Potter, J. K. Rowling precisava manter a fidelidade do público que acompanhou o crescimento do bruxinho nas telas. Com o término dos filmes, novos surgiram com um universo diferenciado e também com a conexão de personagens antigos de Harry Potter. Animais Fantásticos e Onde Habitam estreiou dando início a uma nova franquia. A sequência chegou aos cinemas, mas será que trouxe a qualidade de Harry Potter para o espectador? Infelizmente, não. Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald elevou ainda mais a expectativa do público, pois tinha Johnny Depp como vilão. Apesar de todos os rumores e fatos envolvendo o ator, seu nome ainda é forte em Hollywood. O pior é constatar que ao final do filme, o espectador se quer compreende a força do personagem.
Grindelwald surge logo nos primeiros minutos da sequência com uma fotografia escura e montagem acelerada. Os elementos narrativos envolvem o espectador em torno do vilão. Escapar parece tarefa fácil para o personagem e toda a aura envolvendo Gellert poderia ter força para segurar o filme. O que acontece no primeiro ato, não continua nos demais. O grande equívoco do roteiro de J. K. Rowling é explorar vários personagens e não deixar o espectador envolvido com nenhum deles. O tempo para reforçar o arco de cada personagem e fazer uma conexão com os demais do primeiro filme e ainda resgatar personagens extremamente significativos da franquia Harry Potter torna a trama solta. Muita informação para pouco tempo de tela. E Johnny Depp? Imagino que tenha vinte minutos de tela, no máximo. Para um vilão? É pouco. O primeiro ato foi promissor, mas o restante...
Um dos destaques poderia ser Johnny Depp, com mais um personagem exótico, porém, quem realmente rouba a cena em todos os momentos da trama é Newt Scamander. Aliás, todos os personagens do primeiro filme são mais interessantes que os novos propostos. Eddie Redmaine é um ator do método e aqui os trejeitos tão característicos de Newt acertam em cheio na empatia com o espectador. Quando o personagem aparece a trama ganha leveza e a fotografia é modificada por uma paleta de cores quentes. Os animais, Newt e a fotografia intensifica a experiência do público em um filme totalmente inerte durante os atos. Queenei e Jacob que conquistaram o público com um ar mais cômico, na sequência não possuem tempo de tela suficiente. Especialmente para o arco de Queenie que ganha uma reviravolta fria e sem muitos alardes para o carisma da personagem. E o que dizer de Credence? Um ator tão talentoso com pouquíssimo desenvolvimento para ganhar no final uma importância sem ao menos o espectador saber ao certo os conflitos do personagem. Todo o filme parece uma sequência de episódios soltos dentro do roteiro.
E os filmes mencionados no começo? Ter uma continuação pode ser sinônimo de qualidade. Então, o que aconteceu para que o filme perdesse força após um primeiro ato promissor? Infelizmente, dois aspectos que J.K. Rowling provou em Harry Potter fazer de melhor: criar personagens interessantes e um universo repleto de atrativos. Chegar ao final sem saber que rumo a trama tomou, sem ter a mínima ideia dos arcos dos personagens e perceber que as duas horas não vão acrescentar muito para as demais continuações. Se a proposta é ter cinco filmes no total, a sensação que fica é de que teremos vários filmes do meio para chegar ao ápice do último. Ter um universo mais sombrio é interessante pela aura em volta de Grindelwald, mas o vilão ficar apagado não justifica a falta de desenvolvimento por ser uma sequência. Senhor dos Anéis - As Duas Torres apresentou personagens e obteve um resultado extremamente interessante. Público J.K. Rowling tem e a intensão é cativar ainda mais espectadores. A questão é não somente apresentar os personagens, mas é preciso desenvolvê-los de forma intensa para que os demais filmes tenham força.
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald somente apresenta personagens e não os desenvolve para que os espetadores tenham o interesse necessário para acompanhar os demais filmes da franquia. Os animais que eram o cargo chefe do primeiro filme movimentam a trama da sequência de tão apagados que são os personagens principais. Novos surgem e a empatia não chega perto do que foi a franquia Harry Potter, mesmo tendo Jude Law como Dumbleodore. Continuações são interessantes dentro do universo cinematográfico, mas continuações com qualidade. Os novos fãs merecem qualidade... E os que acompanharam o bruxinho por tanto tempo? Mereciam mais do que muito barulho e pontas soltas.
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