Cherry - Inocência Perdida é um filme de "novos rumos" para os envolvidos. Tom Holland estava com a carreira focada no super-herói da Marvel e os irmãos Russo no topo da notoriedade com o encerramento do universo compartilhado em Vingadores Ultimato. O próximo passo seria arriscar e sair da zona de conforto. O filme é a oportunidade que o trio precisava para mostrar ao espectador que o passo foi dado. Bom, o passo foi dado, já o resultado... Na trama o espectador acompanha a vida de Nico Walker, um jovem que decide entrar para o exército e ao retornar para a casa precisa lidar com o estresse pós-traumático. Após alguns tratamentos, vale ressaltar o descaso nítido do país ao amparar ex-soldados, o protagonista busca refúgio nas drogas.
Apostar em um elenco jovem é um dos acertos presente na narrativa. Tom Holland está muito bem ao explorar as camadas do protagonista. Existe uma transição entre o Nico introvertido e o Nico dependente químico. A transformação física também é prova do comprometimento do ator. O trabalho do ator é intenso na composição do protagonista que vai além do físico. Já Ciara Bravo não trabalha de forma mais expressiva a transição da personagem. Emily apenas apresenta momentos explosivos em alguns momentos.
Tom Holland é o acerto do longa, porém, os demais elementos prejudicam muito o ritmo da narrativa. Os Irmãos Russo abusam dos recursos estilísticos na direção e o que temos na tela é o exagero em praticamente todas as cenas. Em um primeiro momento os recursos são bem-vindos mas a todo instante os mesmos são utilizados tornando o filme cansativo. Vale destacar o domínio da direção nas cenas de ação. Todo o ato voltado para a guerra do Iraque prende o espectador. Os demais atos prejudicam a atuação dos atores justamente pelo exagero dos diretores. Câmera lenta, divisão de tela, narração em off explorada no roteiro e a escolha em dividir a trama em capítulos reforçam ainda mais o peso das mãos dos irmãos.
Cherry - Inocência Perdida tem uma entrega importante de Tom Holland que move praticamente toda a trama. O restante dos elementos prejudicam tanto a narrativa que o a atuação do ator fica ofuscada. Os Irmãos Russo arriscaram neste drama com intensos momentos de ação que prendem o espectador. Porém, o excesso de recursos utilizados pesam na narrativa. Os diretores exploram uma divisão de tela sem propósito, o mesmo acontece com a câmera lenta que surge em vários momentos principalmente para ressaltar lembranças de Nico. Infelizmente, o excesso prejudica não somente a imersão do espectador, como também o passo dado pelos diretores.
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