Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica foca em uma temática universal : a tentativa de superar o luto. O jovem elfo Ian faz dezesseis anos e como presente de aniversário ganha uma espécie de cajado com poderes mágicos. O objeto pode trazer o pai de volta por um dia. Como o protagonista perdeu o pai bem pequenino, Ian quase não possui lembranças dele. A jornada do título é a trajetória dos irmãos para desvendarem algumas pistas e conseguirem rever o pai. Ian é tímido e sempre se sabota. Barley é o irmão mais velho que sabe tudo de magia, mas como a intenção do pai é a união dos irmãos, Ian precisa da ajuda de Barley para concluir a jornada de auto conhecimento.
Existe uma química que funciona entre a dupla Tom Holland e Chris Pratt. A energia e empolgação no timbre de voz dos atores contribuem para que a animação não perca o ritmo. Se por um lado essa empolgação mantém a imersão do espectador, por outro lado o timbre de ambos é muito próximo. Em vários momentos o público não consegue diferenciar as emoções do jovem Ian. Pelo menos na versão dublada a alternância de emoções nos conflitos internos do protagonista fica prejudicada. Existe uma empolgação/inquietação natural no timbre de Tom Holland que pode ser sentida em vários momentos de Homem-Aranha que combina em um filme de super- heroi, porém na animação existe este choque tornando as interpretações dos atores bem próximas.
Mesmo com uma produção claramete inferior em termos visuais, a Pixar sempre foca em temáticas atuais. Em Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica não seria diferente. A magia praticamente deixa de existir para ser dominada pela tecnologia. Algumas espécies vivem em harmonia, porém outras são excluídas da sociedade. E ainda temos o espaço para o debate da auto sabotagem constante de Ian. O protagonista sempre acredita que não irá conseguir completar a jornada e como todo ser humano reage ao fracasso colocando a culpa no outro, o atrito da dupla é constante. Claro que os roteiristas proporcionam uma virada importante para os irmãos baseada no companheirismo e na união familiar. A listinha de Ian é de cortar o coração de qualquer espectador independente da idade. Por falar em idade, os espectadores mais velhos podem lembrar da referência de Um Morto Muito Louco, um toque de nostalgia oitentista visando a figura paterna. Mesmo com alguns percalços no timbre semelhante de Chris e Tom a animação é certeira ao proporcionar emoção.
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