Com uma temática que poderia facilmente prejudicar o ritmo da narrativa, o duelo pela descoberta da eletricidade, o filme A Batalha das Correntes, ganha o espectador pela junção dos elementos narrativos. A direção e fotografia proporcionam ao filme a agilidade necessária para que o espectador além de compreender os fatos com um toque de romance, não sinta o ritmo pesar. A alternância de planos e enquadramentos auxilia de forma precisa na imersão do público na batalha de egos entre Thomas Edison e George Westinghouse. Existe o predomínio do close quando algumas reviravoltas surgem. O ritmo fica mais contemplativo com relação ao arco familiar dos protagonistas com as respectivas esposas, mas mesmo na contemplação o diretor Alfonso Gomez-Rejon mantém a variação dos planos e enquadramentos.
Existe o duelo das palavras, porém o duelo que sobressai é o dos atores Benedict Cumberbatch e Michael Shannon. São atuações minimalistas que beiram a tensão em cada cena. Shannon é um ator que prioriza o olhar e transparece a composição de George nos detalhes. A maneira como o ator trabalha a risada do protagonista é sutil e marcante. Na ausência do gestual Shannon diz muito sobre as atitudes e índole do personagem. Já Cumberbatch transmite firmeza e um olha acanhado visto em outros filmes, mas que encaixa perfeitamente de forma primorosa no protagonista. O vazio no olhar em determinados momentos reforça o arco de Thomas. Um destaque importante que realmente faz a diferença entre os coadjuvantes é Tom Holland como Samuel Insull. A presença do ator é a bússola moral de Thomas na ausência de determinado personagem. O que não pode ser visto na composição de Nicholas Hoult como Nicola Tesla. Infelizmente, Hoult não consegue desenvolver o personagem por completo e o arco fica solto na trama de tal forma que não existe a importância devida para o que Testa significou de fato. Os demais atores reforçam a batalha de egos dos protagonistas.
O elemento narrativo que acompanha o espectador no decorrer dos atos é a trilha sonora. Minhas vezes o elemento torna-se protagonista e embala a imersão do público, Com o som que ganha a tela e que por vezes se faz imperceptível esse elemento rouba a cena. Ele auxilia também no ritmo e agilidade do filme. Podemos ressaltar também a montagem que possui um aspecto fundamental na batalha dos protagonistas e no avanço das invenções. O único ruído do elemento é no flashback de Shannon que quebra constantemente o ritmo, mesmo proporcionando camadas no arco do protagonista. Vale destacar detalhes específicos voltados para a cor vermelha na trama. Quando o peso dramático fica mais intenso para Thomas, o ator é banhado por um vermelho intenso. No momento em que a índole de Shannon é colocada a prova detalhes na direção de arte e mise-em-scène ficam vermelhas. Na direção de arte podemos observar a importância dos objetos cênicos, principalmente, as lâmpadas. Os objetos situam o espectador sobre a corrida pelo domínio das cidades onde a eletricidade se faz presente. De forma geral o que poderia ser um filme extremamente monótono torna-se um exemplar perfeito de trabalho em equipe onde cada elemento narrativo contribui para a batalha de egos dos protagonistas.
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