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Qual o limite do humor? (Zoolander 2)


O que esperar de um filme em que a premissa básica é o deboche ? A sequência de Zoolander conta com a presença de seus protagonistas principais, Dereck Zoolander e Hansel , agora afastados das passarelas, mas o retorno torna-se inevitável quando uma ex- modelo pede ajuda da dupla para solucionar uma série de crimes, os alvos são artistas reconhecidos do mundo pop. 


Zoolander 2 não teria razão alguma para existir, afinal de contas, o primeiro filme não deixava um gancho interessante para sustentar uma nova história da dupla. Essa é grande razão para a continuação não dar certo, a falta de um roteiro interessante. Primeiramente, Dereck está recluso, longe de todos e de seu filho Dereck Zoolander Jr. O fato das vítimas envolvidas terem um último registro no celular faz com que o protagonista consiga decifrar algumas pistas. Com a ajuda de Hansel e Valentina, ele consegue chegar ao vilão Mugatu, este acredita piamente que o primogênito do modelo possui algo especial , o grande clímax da história.  Até o reencontro com o vilão, Dereck passa por várias situações dignas de um agente secreto. A trama toda é uma verdadeira sátira aos filmes de espionagem. 

O que realmente funciona em Zoolander 2 é a interação de Ben Stiller e Owen Wilson. Ambos possuem uma química interessante que consegue segurar boa parte do filme, mas somente essa questão não auxilia no restante da trama. Várias piadas de humor questionável são desnecessárias e só provocam no espectador um sorriso forçado. O personagem de Benedict Cumberbatch é totalmente descartável para a história, além de proporcionar uma piada de péssimo tom. Somente para reforçar o fato de que a moda está em constante transformação e que a dupla não se encaixa mais na modernidade proposta . 

Os vilões estão extremamente caricatos, tanto Will Ferrell quanto Kristen Wigg só enfatizam ainda mais o tom pesado do humor. Os poucos momentos que funcionam são os de Penélope Cruz, as piadas referentes à Valentina e seus atributos naturais são bem colocadas. Outro personagem que poderia ter mais destaque é o filho do protagonista, que ressalta um viés interessante sobre modelos e seus padrões de beleza.  

Ben Stiller, como diretor, já provou que é competente o suficiente para fazer tramas consistentes em que o humor era o fio condutor. Seja com A Vida Secreta de Walter Mitty enfatizando mais o lado dramático ou em Trovão Tropical  que ganhava um tom mais caricato são provas evidentes de que Stiller trilhava o caminho correto, mas veio Zoolander 2 com seu humor fora do tom para provar que neste caminho existem algumas pedras pesadas demais.  

    


   

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