Religião. Filosofia. Conflitos Internos. Trilha Marcante. Efeitos Visuais. Atuações. Tudo em pleno espaço. Foi assim em 2001- Uma Odisséia no Espaço. Décadas após o clássico de Kubrick, o longa continua influenciando gerações de diretores. James Gray é o diretor que apresenta em Ad Astra - Rumo às Estrelas a clara inspiração em 2001. Não há como negar que além da referência ao clássico existe a assinatura de Gray no decorrer dos atos.
Na trama Roy McBride é um engenheiro espacial que retorna de uma missão e após reunião com superiores o protagonista é surpreendido com a informação de que seu pai pode estar vivo. Brad Pitt retorna para o espaço com o psicológico abalado por traumas passados. O pai viveu para coletar informações sobre outras formas de vida no universo. Roy passou boa parte da vida longe do pai e o roteiro explora os conflitos internos do protagonista de forma extremamente contemplativa. O roteiro também de James Gray é focado no estudo de personagem de Pitt e as demais temáticas são somente sugeridas. Não existe um desenvolvimento que motive as ações dos demais personagens. É o que acontece com Helen e Col. Tom. Ambos surgem na trama somente para mover as ações de Brad Pitt. Fica nítido a falta de desenvolvimento dos coadjuvante. O foco é o protagonismo de Brad Pitt, mas as lacunas deixadas pelos coadjuvantes são sentidas no filme.
O diretor James Gray imprime uma assinatura contemplativa para o estudo de personagem de Roy. Assim como fez em outros filmes, especialmente em Z- Cidade Perdida, o estudo do personagem é intensificado pela atmosfera do ambiente em um ritmo mais lento. Aqui o diretor reforça os conflitos internos do personagem de Pitt ao mesmo tempo em que explora os efeitos visuais no espaço. À medida que Roy intensifica descobertas e faz da nave o seu divã, o diretor reforça ao máximo a presença do ator. O close aproxima o espectador do drama vivido por Roy. Enquanto James avança nos conflitos do protagonista, o espectador contempla um deslumbre visual em cada cena.
A maturidade de Brad Pitt como ator pode ser sentida de forma introspectiva na pele de Roy. Um olhar centrado e extremamente focado. O ator apresenta aos poucos as camadas do protagonista dialogando com a contemplação proposta pela direção de Gray. A entrega de Pitt durante o filme move a trama e envolve o espectador. O ator poderia ser mais um acessório imerso no trabalho visual e sonoro, porém a entrega de Pitt ao expor os sentimentos do protagonista é o que move de forma intensa a trama. Os demais atores sofrem com o roteiro de Gray. Uma pena que nomes como Ruth Negga e Donald Sutherland passem despercebidos na trama. Ad Astra - Ruma às Estrelas possui a assinatura de James Gray. O diretor mescla contemplação e os conflitos internos do protagonista de forma sensível, porém não prende a atenção do espectador por apresentar os arcos dos coadjuvantes meramente para justificar algumas ações de Roy na trama. No final o que fica para o espectador é uma autoria mais tímida do diretor.
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