Robert é um funcionário comum. Sabe aquele funcionário que arruma o estoque e faz de tudo um pouco? Ele é o destaque do mês, com direito a foto no quadro da empresa. Robert gosta de ler enquanto toma um chá, no mesmo local e horário. No momento, a leitura é O Velho e o Mar. Sua companheira queria ler os cem melhores livros de todos os tempos. Uma lista que não conseguiu terminar. Ele pensou que poderia dar continuidade ao que Miran não pode concluir. Está perto do fim. Metódico, ninguém dúvida que ele chegará no centésimo.
Robert poderia ser um funcionário comum. Poderia. Na verdade Robert vai além e quando veste sua roupa preta... É melhor não estar por perto. Robert estava quieto, no canto dele. Tudo tranquilo, mas entre um chá e outro, o protagonista conhece a prostituta Teri. Uma jovem que sonha em ser cantora. Após recusar alguns clientes, ela serve de recado para outras garotas. Melhor seguir às regras. Mas Robert estava no meio do caminho. No meio do caminho estava Robert.
Fica claro no filme de Antoine Fuqua que Denzel Washington utiliza um desfarce durante o dia e trabalha de noite. Um verdadeiro super-herói. Daqueles com visão aguçada. Digamos que no quesito peso, nosso herói está um tiquinho fora de forma. Com seus oitenta e seis quilos (se ele diz, quem sou eu para duvidar), o diretor compreende que Denzel não é de outro mundo como Tom Cruise que corre sem parar como se não houvesse amanhã. Antoine abusa da câmera lenta para evidenciar a presença do protagonista. E as cenas de luta são diretas porque nosso herói é estratégico. Ele sempre está um passo a frente dos vilões. Robert olhou. Se ele olhou... Não tem como escapar.
Outra marca registrada de nosso super- herói é o sorriso sarcástico, como quem diz: " Vai ficar complicado para você." O protagonista segue entre os atos ajudando pessoas próximas durante o dia e à noite ele saí pelas ruas em busca de justiça. Justiça com as próprias mãos e algumas ferramentas que ele encontra pelo caminho. Claro que todo herói necessita de um vilão. Aqui decidiram escalar um ator que é a cara do Kevin Spacey, mas só a cara mesmo. Marton Csokas está extremamente caricato e cansativo. Tudo em câmera lenta para reforçar a vilãnia, onde só existe mesmo a tentativa dela.
O Protetor é um filme de super-herói. Um herói cansado de lutar, mas que não consegue ver jovens indefesas. No terceiro ato, Robert bem que avisa e ainda deixa o contato: "Me ligue, se mudar de idéia." E o embate final entre herói e vilão é no território onde Robert fingia ser um típico trabalhador. Com uma paleta de cores quentes e o nosso herói entre sombras, Denzel Washington impõe presença e entrega uma atmosfera de perigo constante. Uma trama que foca no estudo do personagem. Na dupla identidade de nosso herói cinquentão. Eu tentei. Fiz anotações. Mas depois que Denzel aparece com uma arma em uma chuva torrencial, só consigo finalizar com: "Denzel, My Hero."
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