Os atos de Me Chame Pelo Seu Nome são embalados pela sensibilidade e atuações precisas buscando o equilíbrio entre a razão de Oliver e a emoção de Elio. No verão de 83, a família de Elio hospeda um estudante para auxiliar em pesquisas acadêmicas. Os estudos são acompanhados pelo olhar de Mr. Perlman e marcados com o tédio do protagonista até a chegada de Oliver.
A trama necessita de momentos intimistas e lentos para que a empatia com o espectador seja estabelecida e o roteiro também auxilia nessa empatia. Aos poucos o filme explora a personalidade do casal e um jogo de sedução é estabelecido. Oliver é mais maduro e reprime seus sentimentos, já Elio é a explosão da juventude buscando algo novo. O equilíbrio entre as duas personalidades aos poucos move a trama.
Os sentimentos de Elio são de descoberta da sexualidade apesar do envolvimento com Marzia, a atração fica cada vez mais intensa quando está com Oliver. O elemento narrativo pontual e marcante na trama é a trilha sonora que reforça o surgimento de uma forte relação. Sempre que os protagonistas estão juntos, a trilha proporciona ao filme mais emoção e sensibilidade para o casal. Outro aspecto importante é a direção de Luca Guadagnino. Quando Elio conhece Oliver, a câmera é inquieta e sempre acompanha os personagens. Como o ritmo é lento, o olhar do diretor foca em diferentes ângulos para explorar e ressaltar a interpretação dos atores.
As atuações de Me Chame Pelo Seu Nome são a alma e o que move a trama. Armie Hammer está confortável com um viés charmoso e envolvente para o estudante Oliver ( nota zero no quesito dança...), mas quem realmente eleva o filme é o jovem ator Timothée Chalamet que brinca e se emociona verdadeiramente com o inquieto Elio. Luca Guadagnino explora ao máximo o material que ambos entregam. Outra atuação digna de premiação é a de Michael Stuhlbarg ( Joaquin Phoenix mais velho, só eu devo achar parecido...) como Mr. Perlman. O ator aparece de forma sutil, mas rouba a cena em um monólogo extremamente tocante e revelador.
Apesar da edição que tira por diversas vezes o espectador de momentos delicados e intimistas dos protagonistas, a trama cresce com as atuações. Timothée, Armie e a sutileza de Michael como o sensível pai do protagonista são combustíveis fundamentais para engatar a trama. O olhar intenso de Luca Guadagnino ao explorar diversos ângulos do casal proporciona o envolvimento necessário para equilibrar o ritmo lento presente no filme. Me Chame Pelo Seu Nome é um drama sensível que acompanha o espectador de forma gradual e tocante no decorrer dos atos.
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