Com Mulher-Maravilha a DC ganhou uma nova perspectiva para recomeçar e ajustar o tom dos filmes futuros na Warner. Até o momento e pelas cenas pós-créditos de Liga da Justiça (fique até o finalzinho dos créditos), o que podemos ter são filmes independentes que podem interligar pontos proporcionando mais liberdade e autoria para os diretores. Ter os heróis juntos é mais um deleite para os fãs que aguardaram o surgimento da Liga nos cinemas. Gal Gadot ganhou destaque após o filme-solo e Batman de Ben Affleck foi um dos acertos de Batman Vs Superman. Começar o filme com o foco nos dois heróis demonstra a liderança alternada de ambos no comando da Liga. Mas precisava? Seria melhor ganhar tempo na trama com personagens novos.
O filme nitidamente alterna os tons e o espectador consegue perceber até a metade do segundo ato a autoria de Zack Snyder. O foco na temática central é explorar ao máximo a dor da morte de Superman. O luto de Martha e Loise, Batman visualmente mais angustiado por carregar a culpa da perda do herói e Diana com dúvidas sobre arriscar ou não vidas de desconhecidos. Um dos acertos é explorar aos poucos e de forma sucinta a entrada de Cyborg, Flash e Aquaman. O espectador sabe somente o necessário dos heróis para fazer a trama ganhar ritmo e provavelmente aprofundar mais as subtramas em filmes individuais dos personagens. Ganho para o ritmo do filme, mas ao mesmo tempo que as subtramas dos novos personagens enriquecem o roteiro central da trama, Zack Snyder, com sua peculiar e questionável autoria, quebra constantemente o ritmo para explorar os poderes dos heróis.
Após a metade do segundo ato temos a base da autoria de Zack Snyder pairando e voltando com força total na batalha final. Bruce e Diana recrutam o trio de heróis para combater uma força maior que ameaça a terra: Lobo da Estepe. O vilão lidera o exército de Apokolips e necessita da junção de três caixas maternas. As caixas estão na Terra, Atlântida e na proteção das Amazonas já conhecidas do filme-solo da heroína. O roteiro explora bem a junção das caixas e faz uma conexão direta com os personagens, em especial, Cyborg. Juntos, o espectador observa um tom diferenciado voltado para a comédia. Flash é o destaque que por vários momentos ultrapassa e exagera nas piadas. Aquaman é o herói mais contido e que possui o arco menos desenvolvido. A química dos atores é reflexo da direção de Joss Whedon. A liga é mais leve pela interferência tardia do diretor.
O que prejudica consideravelmente a trama é o roteiro voltado para o arco do vilão. Mesmo que ele consiga interligar os personagens, Lobo da Estepe não é explorado de forma convincente e ganha soluções fácies para o seu desfecho. Outro personagem destoa dos demais e ainda temos um momento bem próximo de "Save Martha" de Batman Vs Superman. Diane Lane, Jeremy Irons e J. K. Simmons estão soltos na trama e não acrescentam em nada na trajetória dos demais personagens. O terceiro ato se aproxima da grandiosidade de efeitos especiais já realizados em filmes anteriores de Zack Snyder. O inevitável acontece e não existem limites para o diretor. Vilão, os poderes dos heróis e a organização da mise-en-scène ficam extremamente prejudicados.
Liga da Justiça tenta buscar o equilíbrio entre a comédia e o drama. Flash é o alívio cômico que funciona em momentos diferenciados. Aquaman não teve o devido desenvolvimento, mas Jason Momoa conseguiu proporcionar uma nova roupagem para o personagem. Cyborg movimenta a trama e auxilia no ritmo necessário para o que filme ganhe o espectador. Diana e Bruce são conhecidos e familiarizados do público. A junção da Liga peca em alguns momentos, mesmo que a mudança de tom seja uma consequência positiva para a liberdade e autoria na DC.
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