Jennifer Lawrence. O nome é forte em Hollywood e após algumas personagens voltadas para mulheres determinadas e guerreiras, a atriz vive em Operação Red Sparrow um viés sensual e fatal. Seria o melhor momento para a atriz diversificar e tomar novos rumos para a carreira? Seria...mas resultado decepciona. Muito pela direção equivocada de Francis Lawrence que explora o corpo da atriz de forma gratuita provocando o distanciamento do espectador da narrativa. Muitos pontos fora da curva, ou melhor, duas horas e meia de pontos soltos e o filme parece não ter fim.
Em Operação Red Sparrow a Guerra Fria é o pano de fundo da trama, mas frio mesmo está boa parte o elenco. Não existe química entre o casal de protagonistas. Diversas cenas são descartáveis, inclusive, todo o arco do romance poderia ser facilmente retirado sem prejudicar o contexto proposto. Dominika Egorova e Nate Nash estão em lados opostos. Representam potências opostas. O suspense gerado pelo romance poderia envolver aos poucos o espectador, mas a condução da trama somente o afasta. O mesmo acontece com as idas e vindas de Jennifer como mulher fatal. Existe potencial e competência por parte do elenco, mas a proposta não funciona e os erros são inevitáveis. Matthias Schoenaerts e Charlotte Rampling são os destaques firmes e frios dentro da trama. Já Jeremy Irons e Mary-Louise Parker são as pontas soltas e previsíveis dentro do roteiro. Nomes de peso que não imprimem a força que o filme necessita para motivar as ações propostas para cada personagem.
O primeiro ato começa e cativa o espectador com uma montagem ágil de tramas paralelas. No momento que a trama reforça o treinamento proposto para a protagonista, o filme perde totalmente o sentido. Fazer a atriz simplesmente fica nua de forma gratuita perde consideravelmente a razão e o propósito de força da personagem. A sensualidade é uma arma poderosa para Dominika , mas ao utilizá-la de forma equivocada enfraquece a protagonista. Somente a paleta de cores intensa dialoga com as camadas da personagem.
Difícil compreender como uma dupla que funcionou tão bem na distopia adolescente Jogos Vorazes não consegue efetuar metade do entrosamento visto na Saga em Operação Red Sparrow. A sensação que se tem durante o filme é que Francis Lawrence não explora a personagem de forma devida. O diretor ressaltou a força de Jennifer na Saga de forma eficiente, mas a sensualidade da atriz ganha tons secos e distantes transmitindo a falta de entrosamento da dupla, bem diferente dos filmes anteriores em que ambos trabalharam. O equívoco maior é explorar uma imagem que não condiz com a persona de Jennifer. Uma atriz mais madura seria melhor escalada para o papel.
Operação Red Sparrow é um filme de tentativas frustradas. Tentativa em explorar a imagem de uma atriz que não se encaixa no papel. Tentativa de imprimir um romance descartável para a trama. Tentativa em ter nomes tão significativos e não possuir um arco desenvolvido para cada um deles. Tentativa de gerar suspense onde não existe a menor tensão. Tentativa frustrada em fugir da previsibilidade. Enfim, um filme de tentativas.
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