A trama de Waves é focada no desenvolvimento das camadas dos filhos de Ronald e Catherine. Os protagonistas possuem personalidades opostas, de um lado a veia pulsante de Tyle, de outro temos a introspecçăo de Emily. Todo o primeiro ato é focado na pressão que o pai exerce sobre o filho e as consequências de um ato que transforma drasticamente a vida da família. Waves intensifica as relações familiares e como cada um reage em determinadas circunstâncias. Enquanto uma vida praticamente acaba a outra renasce.
Os elementos narrativos complementam e dialogam com intensidade as camadas do arco de Tyler. A trilha sonora o acompanha em diversos momentos significativos, seja em uma cena mais suave na praia, ou na pressão que o jovem não consegue suportar. As cores vibrantes da fotografia casam perfeitamente com a impulsividade e as reações extremas de Tyler. À medida que o protagonista reage aos acontecimentos a fotografia intensifica as cores com paletas quentes. Quando a vida do jovem ganha contornos trágicos, a trama modifica o foco e explora o arco de Emily. A adolescente deixada de lado por não causar preocupações para os pais ganha protagonismo, pois deseja continuar vivendo mesmo sentindo culpa. A narrativa ganha um ritmo diferenciado com cores mais leves e trilha suave. Emily, aos poucos deixa Luke entrar em sua vida e ambos se apoiam tornando as camadas da protagonista mais significativas na narrativa como um todo.
Como a narrativa é focada no arco dos filhos o espectador tem a sensação de estar assistindo dois filmes em um. Como as personalidades são opostas, o público sente a diferença da direção ao conduzir e explorar os conflitos internos dos filhos. A câmera explora vários closes dos jovens que envolvem o espectador pelo belo trabalho de interpretação. Trey Edward apresenta um trabalho oposto ao realizado em Ao Cair da Noite . A câmera ainda acompanha os personagens como no terror psicológico, porém o fato de termos dois filmes em um acaba pesando por conta da ruptura drástica no ritmo. Trey proporciona leveza para Emily, mas o ritmo é sentido muito por conta de Luke ganhar um protagonismo excessivo. A doçura e grandeza de Emily é refletida no arco do namorado, mas por diversas vezes o roteiro explora e prolonga o arco do jovem causando a inevitável sensação de cansaço. Apesar de alguns tropeços e de assistirmos dois filmes em um (não que esse aspecto seja negativo, aqui realmente não funcionou), Waves é uma bela narrativa independente que emociona o espectador.
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