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Onde menos é muito mais (Top Gun - Ases Indomáveis)




Tom Cruise estava em ascensão quando protagonizou Top Gun - Ases Indomáveis ao lado de Kelly McGillis. O filme que ainda permanece no imaginário do espectador vai ganhar uma continuação prevista para final de 2020. Revisitando o longa, alguns aspectos são notáveis após a estreia no ano de 1986. Aliás, a década de 80 foi marcada por filmes com futuros astros no elenco e trilha sonora que embalava os casais na narrativa. No filme de Tony Scott, entre uma cena de ação e conflitos internos do protagonista, a trilha com Take My Breath Away e You've Lost That Loving Feeling, embalava os "ruídos éticos" no ambiente de trabalho entre Pete e Charlotte. E as cenas de ação e bromance? Danger Zone e Grate Balls Of Fire foram destaque da parceria entre Maverick e Goose.

A direção de Tony Scott ressaltava as cenas de ação, um gênero que o diretor dominava como poucos. Em Top Gun, essas cenas são alternadas entre takes aéreos e closes para captar toda a adrenalina e tensão entre os personagens. No quesito romance, o diretor contou com a química entre o casal. Já a preocupação com o roteiro não foi um pré-requisito na narrativa. Tom Cruise é um piloto movido pela adrenalina que vive um romance turbulento. No meio do caminho existe uma pausa para os dotes físicos dos pilotos e a troca de olhares para reforçar a rivalidade de Tom personagem de Val Kilmer. Os atores mais experientes vivem os coadjuvantes que entram em cena para intensificar os conflitos internos de Maverick. A ligação de Tom Skerritt com o pai de Cruise é puro clichê e previsibilidade. Após desavenças do casal, a trilha embala mais uma vez o desfecho dos personagens.

 
Apesar de ser um filme que exala masculinidade em praticamente todas as cenas, só imagino os roteiristas escrevendo: "Aqui temos uma pausa para o vestiário e para explorar ao máximo o corpo de Tom Cruise", o elenco feminino possui momentos importantes na trama. Meg Ryan, no começo da carreira, apresenta Carole de forma leve e descontraída. Já Kelly McGillis intensifica a química com Tom Cruise e reforça a presença feminina, mesmo de forma tímida. Top Gun - Ases Indomáveis apresenta ao espectador um resumo do que foi a década de 80 para o gênero: tramas simples, astros em ascensão, um casal que com química sucifiente, trilha marcante e um diretor que sabia prender o público. Mas uma pergunta ainda persiste: qual a razão de Top Gun ainda permanecer no imaginário do espectador? A resposta talvez esteja na simplicidade, onde menos ainda pode ser sinônimo de muito mais.

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