Após sair da sessão de Jack Reacher: Sem Retorno, três
questionamentos não fizeram muito sentido: Era necessário iniciar uma franquia?
Vale insistir na zona de conforto e manter Tom Cruise no mesmo papel que o consagrou como astro de ação? Até quando o ator conseguirá fisicamente continuar com personagem? Se pararmos para refletir as perguntas possuem respostas se
analisadas no contexto da continuação do ex - major militar.
Tom Cruise começou a vislumbrar uma oportunidade como
protagonista de filmes voltados para o gênero de ação com Missão Impossível. O
ator lucrava cada vez mais e Hollywood lhe proporcionava os mesmos personagens. Vale destacar alguns trabalhos : No Limite do
Amanhã, Oblivion, Encontro Explosivo e Operação Valquíria. Como ambos saem ganhando, o astro não teve dúvidas em começar uma
nova franquia.
Jack Reacher retorna para a sequência com uma motivação extremamente importante: levar a major Susan Turrner para jantar. No meio do caminho e após algumas conversas por telefone, o protagonista percebe que a situação é mais complexa e envolve
outros setores militares. Claro que o possível encontro era somente um pretexto
para o personagem ter novamente um caso de investigação com peças que ficam evidentes logo no primeiro ato da trama.
O elenco tende a funcionar em alguns momentos
específicos. Tom Cruise já está familiarizado com o papel voltado para filmes
de ação e Cobie Smulders convence nas cenas em que exige um maior esforço
físico. O problema é que a dupla não funciona justamente nas cenas mais
introspectivas do casal. A trama oscila consideravelmente quando focada na
atração inexistente da dupla. Para piorar o enredo, Jack descobre que pode ser
pai de uma adolescente. Danika Yarosh seria perfeita para o papel de
jovem rebelde e que constantemente tira o protagonista do sério, mas a atriz
proporciona ao público somente caras e bocas e uma personagem que não foge do
clichê estereotipado. O acerto do elenco é a presença marcante de Patrick
Heusinger que transmite um equilíbrio entre o sarcasmo e a vilania fundamentais
para compor o caçador.
O roteiro retoma algumas características evidentes do
protagonista. Várias situações que foram exploradas em Jack Reacher: O Último
Tiro envolvem o espectador. Se o personagem está cercado, ele simplesmente
irá premeditar cada passo e nocautear todos que passarem por seu caminho. O
grande equívoco é Tom Cruise transparecer para o público que o protagonista
está vivenciando conflitos constantes. A interpretação firme e literalmente
dura do ator em alguns momentos destoa do entretenimento que um filme do gênero
proporciona.
A direção de Edward Zwich peca em vários momentos.
Sempre que o protagonista vislumbra algo que poderá acontecer, a fotografia é
ressaltada por imagens em preto e branco. A edição quebra o ritmo do
filme e a câmera tremida somente realça técnicas desnecessárias para dar mais
agilidade a trama. Após o protagonista enfatizar que vai deixar de fugir e
começar a caçar, o filme ganha status dignos de maratona. A dupla passa metade do
filme correndo atrás de pistas. A direção fica cada vez mais solta e explora o
reflexo da falta de rumo dos personagens.
Fica evidente que Tom Cruise não
consegue manter a agilidade de tempos mais remotos, porém, enquanto a franquia
tiver lucro e o ator apresentar um resquício de fôlego, o espectador pode aguardar continuações que repetem a mesma fórmula do filme de 2012, onde a saga de
Jack Reacher estava apenas no começo.
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