No filme Brincando com Fogo o espectador sabe exatamente o que vai acontecer em toda a trama. Apesar da previsibilidade o que encanta o público é a inversão de papéis. É nítido a troca na tela: os adultos são as crianças. O trio composto por John Cena, John Leguizamo e Kleegan-Michael Key nitidamente brincam em cena é literalmente carregam o filme nas costas. O que deixa esse aspecto em evidência é a escolha equivocada das crianças. O trio mirim não possui carisma suficiente e os adultos precisam dar conta do recado. Na trama John Carson é chefe do departamento dos bombeiros paraquedistas e os companheiros de profissão são como irmãos para o protagonista. O ator já virou refém do estereótipo forte e contido nas emoções. Se a nostalgia está em voga, não será coincidência compará-lo com Arnold Schwarzenegger. O timing cômico do ator lembra bastante o do astro dos filmes de ação da década de 1980.
Mesmo que o trio adulto segure o filme existe em vários momentos uma quebra no ritmo principalmente na atuação do protagonista. O que prejudica consideravelmente a trama são as pausas constantes na interpretação do ator. Já John Leguizamo é o típico personagem que possui falas rápidas que funciona até certo ponto. O roteiro as utiliza em vários momentos o que torna o personagem previsível até nas piadas. Porém, a previsibilidade é quebrada pelo carisma do ator. E Kleegan rouba a cena em todos os quesitos. O ator possui humor físico e timing cômico. Se o elenco adulto é o destaque, o filme perde muito com o trio mirim. Todos estão presos nos personagens. A pequena garotinha é irritante de forma proposital, mas a atriz acaba irritando literalmente o espectador. Will aparece no automático em todas as cenas e Zoey é a adolescente que precisa se portar como adulta.
O que chama atenção são as rimas visuais e referências a alguns clássicos como Apocalipse Now. O primeiro ato é ágil e sagaz nessas referências, porém, aos poucos o filme vai perdendo a essência nos demais atos. Apesar de o roteiro explorar pequenas pausas para ressaltar os arcos de cada personagem, o que realmente sobressai em Brincando com Fogo são os adultos virando crianças e no final das contas o entretenimento surge exatamente na inversão dos papéis.
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