Pular para o conteúdo principal

O terceiro game: humanidade


Na terceira fase do game,ou melhor, o possível encerramento da franquia, Mike precisa provar a sua inocência. Todos acreditam que ele foi o responsável pela morte de toda a equipe e por deixar o presidente em coma. Em uma consulta, após ter várias tonturas, o médico ressalta : Você é uma bomba relógio!". No primeiro ato o roteiro deixa claro que o foco será  a vida do protagonista e os conflitos internos de Gerard Butler. Com a única pessoa que pode provar a inocência de Mike está impossibilitado de falar o protagonista começa uma corrida contra o tempo para descobrir quem o quem e ainda salvar o presidente pela terceira vez.

A previsibilidade move boa parte da trama. Existe uma quebra no ritmo com relação ao segundo filme, pois o foco são os conflitos internos de Mike. Um dos grandes nomes do elenco que reforça essa previsibilidade é a figura paterna interpretada por Nike Nolte. O ator possui uma cota em Hollywood para dar vida a personagens problemáticos. Além de um roteiro que tenta aproximar a relação entre os personagens no meio do segundo ato, a presença do ator provoca inúmeras explosões e evidência uma camada do personagem que não foge da previsibilidade. Veterano de guerras Clay abandonou a família, pois sabia que Mike viveria melhor na ausência dele. Além de Nick Note, nomes de peso auxiliam na trama. Tim Blake Nelson, um dos atores mais versáteis da indústria, apresenta ao espectador um vice-presidente introspectivo repleto de segundas intenções. Lance Reddick também é uma grata novidade, apesar de pouco explorado na trama. Caras novas que reforçam toda a previsibilidade dos atos.

Ric Roman Waugh assume a direção e intercala três núcleos do roteiro: a fuga de Mike, a articulação dos vilões e o alvo presidencial. O diretor intensifica as cenas de ação com o auxílio da montagem. A pausa para explorar a humanidade do protagonista não deixa de lado a ação que permeia todo o filme. Outro momento introspectivo voltado também para o núcleo familiar é a relação com a esposa. Ric intensifica o close e primeiro plano para reforçar a presença de Nick tentando resgatar laços afetivos. As ações são voltadas para o contato físico marcante desde o primeiro game. O restante da trama é voltado para as perseguições com Mike dirigindo um caminhão e correndo contra o tempo. 


A tentativa de ser um capítulo diferenciado na franquia envolve em termos o espectador, porém, o filme oscila bastante pelo fato de tentar focar em reviravoltas totalmente previsíveis. Basta um close em determinados personagens para que o espectador decifre toda a trama. O que realmente segura boa parte do filme são os nomes do elenco. Mais do mesmo com atuações que prendem a atenção do público. O possível desfecho da franquia ainda deixa brechas para prováveis continuações. Filmes de ação sempre alcançam o espectador pelo entretenimento, se focar na humanidade do protagonista, melhor ainda. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

E o atendente da locadora?

Tenho notado algo diferenciado na forma como consumimos algum tipo de arte. Somos reflexo do nosso tempo? Acredito que sim. As mudanças não surgem justamente da inquietação em questionar algo que nos provoca? A resposta? Tenho minhas dúvidas. Nunca imaginei que poderia assistir e consumir algum produto em uma velocidade que não fosse a concebida pelo autor. A famosa relíquia dos tempos primórdios, a fita VHS, também nos aproximava de um futuro distópico, pelo menos eu tinha a sensação de uma certa distopia. Você alugava um filme e depois de assistir por completo, a opção de retornar para a cena que mais gostava era viável. E a frustração de ter voltado demais? E de não achar o ponto exato? E o receio de estragar a fita e ter que pagar outra para o dono da locadora? Achar a cena certinha era uma conquista e tanto. E o tempo...bom, o tempo passou e chegamos ao DVD. Melhoras significativas: som, imagem e, pasmem, eu poderia escolher a cena que mais gostava, ou adiantar as que não apreciav...

Não, não é uma crítica (Coringa : Delírio a Dois)

Ok, o título estampado no cartaz é: Coringa: delírio a dois. Podemos criar expectativas que a continuação é um filme do Coringa, correto? Na realidade, o que Todd Phillips nos apresenta e faz questão de reforçar a cada cena é que temos o Coringa, porém, o protagonista é Arthur Fleck, um homem quebrado físicamente e mentalmente. Temos também Lee Quinzel, que projeta no outro um sentido na vida e começa a manipular Arthur, para que Arlequina venha à tona. Podemos refletir sobre a manipulação da personagem, ela inclusive reforça:"Não assisti ao filme vinte vezes, talvez umas quatro ou cinco. Quem não mente?". Mas dizer que ela é culpada pelas atitudes de Arthur/ Coringa? A coerência existe no fato da personagem possuir um transtorno mental e, por isso, justifica o desejo e manipulação. Agora, qual a necessidade de criar uma pauta inexistente? O grande equívoco talvez seja do próprio estúdio em não vender o filme como musical e gerar expectativas equivocadas no espectador. É um f...

Uma provável franquia (Histórias Assustadoras para Contar no Escuro)

Um grupo de amigos que reforça todos os estereótipos possíveis, a curiosidade que destaca os laços da amizade, uma lenda sobre uma casa assombrada e desaparecimentos constantes. Histórias Assustadoras para Contar no Escuro apresenta uma trama previsível repleta de referências à filmes  e séries lançadas recentemente como It: A Coisa e Stranger Things. É a velha cartilha de Hollywood: se deu bilheteria em um estúdio à tendência é repetir a dose. Apesar dos elementos e trama repetitivos, sempre vale a pena assistir novos atores surgindo e diretores principiantes com vontade de mostrar trabalho. É o que acontece neste filme produzido e roteirizado por Guilhermo Del Toro . Nada de muito inovador no gênero, o jumpscare reina, porém com o olhar criativo da direção e uma nova geração afiada, o filme ganha o envolvimento do espectador.  O roteiro gira em torno de um grupo de amigos excluídos que finalmente tomam coragem para enfrentarem os garotos mais valentes. Assustados, o ...