Pular para o conteúdo principal

O segundo game: desordem



O segundo game retorna com outro diretor e esse aspecto faz de Invasão a Londres um emaranhado confuso e desordenado aos olhos do espectador. O elenco do primeiro filme retorna e a trama continua a mesma: terroristas, presidente como alvo e Mike bancando o herói. Mike é responsável pela segurança do presidente que viaja até Londres para o funeral do primeiro ministro britânico. Com vários líderes mundiais no mesmo local, terroristas atacam diversos pontos turísticos da cidade causando tumulto e pânico na população. Babak Najafi mantém a aura do game para o espectador, porém, distante do primeiro, o que se vê nas telas é uma infinidade de cortes e cenas de ação confusas prejudicando o ritmo da trama. 

O filme começa com imagens de arquivo do atentado terrorista ao hotel Taj Mahal em 2008, na cidade de Bombaim. São imagens soltas somente para enfatizar as motivações e nacionalidade dos terroristas. Após vários cortes intercalando os pontos turísticos destruídos e muito close acompanhado de frases de efeito, os núcleos são explorados como no game anterior. No primeiro ato o helicóptero do presidente é atingido e a química entre Gerard Butler e Aaron Eckhart ganha o filme. Os atores passam o restante dos atos fazendo piadinhas um com o outro e fugindo dos terroristas. Mike não evita que o presidente vire refém (novamente) dos vilões que almejam matar Asher ao vivo pela internet. Os núcleos são explorados em uma repetição clara do primeiro filme. Os terroristas fazendo ameaças, Morgan Freeman tentando negociar a vida do presidente e Mike correndo contra o tempo. 

A sequência possui um ritmo mais frenético e desenfreado o que definitivamente não pode ser visto como uma qualidade do diretor e montagem. As cenas de ação não possuem pausa para o espectador. Existe uma imersão do público, mas para acompanhar o protagonista é preciso ficar atento a qualquer movimentação de Mike em cena, pois os cortes são frenéticos. Não existe uma conexão com os núcleos como no primeiro filme. A direção de Antonie faz falta para a compreensão das ações do protagonista. Modificar a direção causa ruídos no filme como um todo. O ritmo é mais introspectivo somente no terceiro ato quando os terroristas estão com Asher e todos os cidadãos vão presenciar a morte do personagem. A previsibilidade toma conta da tela porque Mike chega a tempo para gerar mais piadinhas entre os personagens. 


Invasão a Londres peca em vários quesitos se comparado ao primeiro filme. Os atores fazem o possível para manter o interesse do espectador em uma trama que somente repete o que foi visto em Invasão a Casa Branca. A sequência perde a qualidade da câmera na mão de Antonie que proporcionava a sensação de urgência no primeiro filme. O segundo game da franquia não chega aos pés do anterior, porém, ainda consegue estabelecer a aura de game intercalando fases entre os atos. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Isso parece uma novela" (Bad Boys Para Sempre)

O começo de Bad Boys Para Sempre é basicamente um resgate do primeiro filme dirigido por Michael Bay. Mike e Marcus estão em um carrão em alta velocidade trocando ofensas e piadas enquanto percegue suspeitos. Além de todas as referências, a trama gira em torno de vingança, uma vingança mexicana. Sim, os vilões são mexicanos. Bandidos de um lado, policiais do outro e segredos revelados.  Will Smith sabe como lucrar na indústria, apesar de algumas escolhas equivocadas em projetos passados, Bad Boys Para Sempre parece uma aposta acertada do produtor. Desde o primeiro longa a química entre os atores é o que move a trama e na sequência da franquia não seria diferente. Martin e Will são a ação e o tom cômico da narrativa. Os opostos são explorados de forma intensa. Martin está mais contido com a chegada do neto e Will na intensidade de sempre. As personalidades se complementam apesar da aposentadoria momentânea de Marcus. Tudo ganha contornos diferenciados quando a família em to...

O Mito. A lenda. O Bicho-Papão. (John Wick : Um Novo Dia Para Matar)

Keanu Reeves foi um ator que carregava consigo o status de galã nos anos 80. Superado o estigma de ser mais um rosto bonito em Hollywood, o que não se pode negar é a versatilidade do astro ao escolher os personagens ao longo de décadas. Após a franquia Matrix, Keanu conquistou segurança ao poder escolher melhor os personagens que gostaria de interpretar. John Wick é o novo protagonista de uma franquia que tem tudo para dar certo. Um ator carismático que compreendeu a essência do homem solitário que tinha com companhia somente um cachorro e um carro. Após os eventos do primeiro filme, De Volta ao Jogo, Keanu retorna com John Wick repetindo todos os aspectos narrativos presentes no filme de 2014, mas com um exagero que faz a sequência ser tão interessante quanto o anterior. O protagonista volta aos trabalhos depois de ter a casa queimada. Sim, se as motivações para toda a ação presente no primeiro filme eram o cachorro e um carro, agora, o estopim é uma casa. Logo na primeir...

Não, não é uma crítica (Coringa : Delírio a Dois)

Ok, o título estampado no cartaz é: Coringa: delírio a dois. Podemos criar expectativas que a continuação é um filme do Coringa, correto? Na realidade, o que Todd Phillips nos apresenta e faz questão de reforçar a cada cena é que temos o Coringa, porém, o protagonista é Arthur Fleck, um homem quebrado físicamente e mentalmente. Temos também Lee Quinzel, que projeta no outro um sentido na vida e começa a manipular Arthur, para que Arlequina venha à tona. Podemos refletir sobre a manipulação da personagem, ela inclusive reforça:"Não assisti ao filme vinte vezes, talvez umas quatro ou cinco. Quem não mente?". Mas dizer que ela é culpada pelas atitudes de Arthur/ Coringa? A coerência existe no fato da personagem possuir um transtorno mental e, por isso, justifica o desejo e manipulação. Agora, qual a necessidade de criar uma pauta inexistente? O grande equívoco talvez seja do próprio estúdio em não vender o filme como musical e gerar expectativas equivocadas no espectador. É um f...