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Se render ao puro entretenimento (Rampage - Destruição Total)


Dwayne Johnson é o carisma em pessoa e explora ao máximo sua persona em todos os filmes que protagoniza. O roteiro de Rampage - Destruição Total intensifica o protagonista com um humor leve e divertido. Sem pretensões maiores, a trama segue os padrões dos filmes do gênero. Um experimento científico obviamente ganha proporções drásticas e será uma catástrofe mundial se "o maior" Davis não impedir que o pior aconteça. E ele vai impedir, mesmo que leve alguns tiros e salte de prédios com a naturalidade de quem compra pães na padaria. Vale brincar com as situações mais inusitadas que o filme ganha imeditamente o espectador. 

Os personagens seguem o que vimos em filmes anteriores do gênero. Dwayne é imbatível e praticamente imortal. Basta apenas um zoon in no protagonista com uma piadinha e já descobrimos os rumos do personagem. A equipe em evidencia no primeiro ato simplesmente some nos dois últimos. Antes de sumirem do roteiro é preciso seguir os padrões. Uma loira, um medroso e o mais inteligente. Ok, a trama ganha destaque com os demais coadjuvantes. Naomie Harris tenta estabelecer uma química com Dwayne, em certos momentos o casal funciona, mas o excesso de humor quebra constantemente o entrosamento da dupla. A personagem explica todo o experimento para o espectador, que na realidade não está muito interessado em saber como tudo aconteceu e o que deu errado no meio do caminho. É tanta informação que cansa o espectador. Jeffrey Dean Morgan parece que aproveitou uma pausa nas gravações de The Walking Dead e transferiu o vilão Negan do seriado para a tela grande. Quem acompanha a série logo percebe que não houve construção de personagem. Mas não é que funciona no contexto proposto? Jeffrey é de longe o melhor ator do elenco.

Além de ser o melhor ator do elenco Jeffrey é o próprio Deus dentro do roteiro. O agente Russell aparece várias vezes quando é conveniente. É ou não é o próprio Deus ex machina? Sempre que o personagem aparece, um sorriso brota no rosto do espectador. E a Dr. Kate? Entra no laboratório e aponta na direção exata onde os personagens podem encontrar a solução para resolver todos os problemas e salvar o planeta da destruição total.


Os efeitos visuais são o destaque do filme mesmo que no terceiro ato a junção das criaturas deixe tudo muito confuso visualmente. Impossível ficar indiferente quando o protagonista solta a pérola: " É claro que ele voa!". Sim, um lobo com asas! O experimento consiste na mistura de DNA e os animais apresentam mutações genéticas. Além dos efeitos, o que realmente prende o espectador é a improvável interação do "Grande" com "Algo Maior". Visualmente a dupla funciona em diversos momentos. George possui senso de humor e até piadas de cunho sexual. Dwayne tenta e consegue transparecer que não está atuando com o nada ou o fundo verde.

Rampage -Destruição Total é repleto de soluções fáceis dentro do roteiro, além de seguir todos os passos dos filmes do gênero. Dwayne sabe que tem carisma e consegue segurar o protagonista e reverter sua persona em números na bilheteria. O melhor de tudo isso? É o espectador não se importar com personagens que somem no primeiro ato da trama, outros que literalmente aparecem sem nenhuma explicação e se render ao puro entretenimento.

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