Lady Bird - A Hora de Voar é um dos representantes do cinema independente no Oscar. Mesmo com todos os holofotes voltados para A Forma da Água, o pequenino filme de Greta Gerwig envolve por abordar temáticas universais. A trama pequenina torna-se grandiosa pelo poder e carisma dos personagens. A relação cheia de ternura e conflitos entre mãe e filha, a sensação de não se encaixar no cotidiano, de trocar confidências com a melhor amiga, de perder o fôlego quando encontra o professor de matemática.... a lista se estende, pois Greta consegue com pequenas pinceladas abordar no roteiro temáticas marcantes.
A edição reflete constantemente o elo da protagonista com a figura materna e os demais arcos dos coadjuvantes. A tentativa de diálogo e aproximação que sempre acaba de forma abrupta permeia a trama. Entre os atos, várias cenas importantes para os personagens são editadas de forma repentina. Uma descoberta inesperada, a naturalidade ao falar de sexo com a melhor amiga, a rapidez com que nos apaixonamos ou pensamos que estamos apaixonados e como nos afastamos ou aproximamos dos outros pelo interesse. A instabilidade vivida na adolescência é puro reflexo e dialoga perfeitamente com os cortes realizados na edição.
Existe em Lady Bird a junção de ritmos que novamente refletem a instabilidade emocional da adolescente. Ao menos tempo que Christine vive e trava diálogos duros com a mãe, a figura paterna é a perfeita leveza e o meio termo dentro de casa. Torna-se um mantra escutar de toda mãe :"Ele fica com o papel de bonzinho, enquanto eu sou a malvada!". Assim, com frases marcantes, Greta aborda no roteiro temáticas que estabelecem uma conexão direta com o espectador. As subtramas são exploradas repentinamente, mas encaixam de forma interessante no arco dos coadjuvantes. O espectador sabe pouco sobre os demais personagem fora do núcleo familiar de Christine, mas o pouco retratado é o suficiente para complementar a trama principal.
O elemento narrativo importante que sempre acompanha os personagens é a trilha sonora. Em diversos momentos que alternam drama e comicidade a trilha surge e engrandece a trama. Além da força presente no roteiro, a direção de Greta é impulsiva e transmite a leveza em momentos pontuais. A intensidade na relação com a mãe encontra o contraste da suavidade com o pai. A mesma impulsividade pode ser analisada na interpretação de Saoirse Ronan. O potencial da atriz em estar solta durante todo o filme auxilia na criatividade ao compor Christine.
O filme toca em temas universais presentes na adolescência. O roteiro alterna momentos leves e intensos de forma impulsiva. Uma impulsividade que permeia a trama e encontra diálogo na edição com cortes abruptos. Esses aspectos reforçam de forma positiva e refletem perfeitamente na persona da protagonista. Lady Bird - A Hora de Voar é pequenino, mas torna-se gigante pela empatia que estabelece com o espectador.
Comentários