Rei Arthur - A Lenda da Espada possui a assinatura de
Guy Ritchie. Esse aspecto tem seus méritos e alguns descompassos ao longo das
duas horas de projeção . As características marcantes do diretor estão todas na
tela, mas torna-se cansativo a medida que os elementos narrativos são
utilizados em todas as cenas , a todo instante. A autoria se mistura com a
repetição e ao final temos a inevitável sensação de déjà-vu.
Charlie Hunnam consegue defender com carisma e digamos
também com porte físico o protagonista. O espectador cria a empatia necessária
para acompanhar a trajetória de Arthur rumo ao trono. Jude Law beira o
caricato. Vortigern está centrado no arco intenso da fantasia, onde a
interpretação do personagem tem sincronia e conduz momentos importantes da narrativa. Já Astrid
Bergès- Frisbey estabelece um elo interessante exaltando o poder feminino na
trama. Infelizmente, a atriz mais parece um robô com um tom cadenciado e monótono nas falas, aspecto que prejudica o potencial da personagem.
Se em vários momentos durante o filme o espectador tiver a impressão de que está inserido em uma trama anterior do diretor, a sensação é exatamente essa e a indagação é inevitável : Eu já vi esse filme antes ? Os elementos narrativos explorados pelo diretor são os mesmo do primeiro filme da década de 90, quando ele despontou em Hollywood com Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes. As cenas de ação em câmera lenta, a quantidade infinita de zoom in , a confusão ao coordenar a mise-in-csène e a edição com cortes igualmente infinitos. O que nos faz refletir sobre até que ponto a autoria diretor é confundida com a repetição e podemos ir além ao afirmar que tudo pode ser realizado simplesmente no automático com toques de preguiça.
O filme possui aspectos narrativos interessantes
principalmente no tom cômico. A edição ágil, a câmera instável e a
interpretação dos atores proporcionam alívios e pausas primordiais deixando de
lado o aspecto sombrio da fotografia escura. Entre os atos, o
espectador presencia altos e baixos, porém, a
narrativa perde consistência principalmente pelo fraco roteiro.
O diretor apresenta ao público um filme grande em termos de entretenimento, mas
extremamente previsível. O espectador observa mais uma trama com a sensação que o diretor parou no tempo e sempre irá
explorar os mesmos elementos narrativos deixando a indagação: Guy Ritchie é um
diretor autoral ou simplesmente se repete?
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