O grande mérito da trama é o roteiro voltado para um humor sagaz e
negro. A personagem de Judy Davis possui os melhores diálogos, fruto da
interpretação competente da atriz que busca dar a sua Molly o equilíbrio entre
a comédia e dramaticidade. Grande parte do elenco conduz seus personagens de
forma caricata, uma atitude arriscada e diferenciada comandada pelas mãos da
diretora Jocelyn Moorhouse. Tudo é extremamente teatral e por diversos momentos
a trama ganha um tom caótico. Os personagens duelam entre si em um over action
interminável. Este aspecto prejudica o andamento da trama, mas o trio vivido
por Kate, Judy e Liam conseguem transmitir uma naturalidade e firmeza em seus
personagens que destoa dos demais levando ao espectador momentos de calmaria em
meio ao turbilhão de emoções vivido pelo restante do elenco.
Vale destacar outra questão que o roteiro aborda: somos frutos do meio em que vivemos ou podemos modificar nosso destino? Esse questionamento é o centro de A Vingança está na Moda. Myrtle mesmo forçada a deixar sua cidade natal muito pequena conseguiu transformar sua vida e tornar-se uma profissional diferenciada, mas algo a prendia ao seu passado. Era preciso retornar e entender o que aconteceu para poder seguir a diante. A medida que a trama avança a protagonista questiona se realmente merece ser dona de seu destino ou se deve receber uma punição pela sociedade na qual está inserida. Já Elsbeth, quando consegue seu objetivo, um casamento, realmente mostra que é fruto do meio e que nada irá modificá-la. As aparências enganam e apesar de sua vestimenta mais refinada, seu temperamento e criação falam mais alto e a personagem logo mostra que o meio em que viveu moldou sua personalidade.
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