A atriz e diretora Jodie Foster é cria de Hollywood. Sua estreia
foi em Taxi Driver, de Martin Scorsese e após esse trabalho alternou atuações
medianas e convincentes. Com o passar do tempo e muita experiência adquirida,
ela investe cada vez mais em seus trabalhos atrás das câmeras. Seu mais recente
filme é Jogo do Dinheiro. Por estar inserida neste meio por décadas, ela melhor
do que ninguém, sabe como a indústria funciona e tira proveito da situação.
Spotlight focava no universo jornalístico e A Grande Aposta utilizou do humor
para abordar uma temática de difícil compreensão. Ambos conseguiram seu lugar
ao sol e marcaram presença na cerimônia do Oscar. Sabiamente, a diretora
mesclou essas duas temáticas é realizou um filme digno de atenção, não tem
pretensões a premiações, mas aponta como um entretenimento de qualidade.
Foster centraliza a trama na química já existente entre George
Clooney e Julia Roberts . Ele está perfeito no papel de âncora do programa de
TV, Money Monster, onde o objetivo é fornecer informações sobre o mercado
financeiro para os espectadores. Já ela, como produtora, o conduz visando o
aspecto principal, a audiência. Tudo ocorre corriqueiramente em mais um dia de
trabalho quando Kyle invade o programa e obriga o apresentador a colocar um
colete com explosivos e exige que tudo seja televisionado.
Um dos principais pontos de destaque de o Jogo do Dinheiro é o
roteiro com toques de humor para suavizar a dramaticidade dos acontecimentos e
fazer com que o espectador finalmente compreenda um pouco mais sobre o mercado
financeiro. George consegue dar a Lee Gates aquela pausa necessária que já
estamos familiarizados quando o ator busca a comicidade em seus personagens. O
espectador mais próximo dos trabalhos do ator logo irá reconhecer esses
momentos , mas aqui as famosas pausas entre uma palavra e outra funcionam muito
bem para o contexto da trama. O ritmo dos diálogos do trio Lee, Patty e Kyle
fazem a história ganhar dinamismo e o público se envolve cada vez mais a
história.
O filme perde o ritmo quando é focado em tramas que saem do estúdio
da TV. A negociação com os policiais e a troca de informações com a personagem
de Caitriona Balfe acrescentam na trama, mas somente como pano de fundo. São
nessas cenas específicas que Jodie perde a mão e o filme não sustenta o ritmo
interessante visto logo no começo. Giancarlo Esposito é um coadjuvante de luxo,
ele tem a consciência que seu personagem somente aparece para dar continuidade
aos acontecimentos, o que é uma pena porque conhecemos o seu potencial e o que
ele poderia ter feito em cena. A trilha também é um aspecto negativo, pois
marca algumas cenas tornando-as previsíveis. Nada que prejudique o conjunto do
filme, mas o espectador já fica esperando a trilha aparecer em determinados
momentos. O desfecho ganha tons clichês, outra marca que a diretora ressalta
das experiências vividas neste universo cinematográfico.
O Jogo do Dinheiro apresenta ao público um entretenimento de
qualidade, apesar da temática ter referência de alguns filmes já vistos pelo
grande público. Ele funciona porque Jodie compreende como a indústria
cinematográfica caminha. Tudo se copia em Hollywood e a diretora nos brinda com
um interessante filme de ação mesmo que já estejamos familiarizados com o
contexto proposto.
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