O novo filme de David Fincher O Assassino, adaptação de uma série de Hqs francesa, criada por Alexis Nolent, apresenta o protagonista explorando a sutileza dos elementos narrativos. Temos a narração em off que causa certa empatia. O timbre na voz de Michael Fassbender transmite a frieza do personagem, o recurso está ali para "justificar o didatismo dos métodos". Quando algo inesperado acontece, a narração mantém o timbre com poucas nuances, ressaltando o fato do matador eliminar alvos e, nas horas vagas, carboidratos.
Não se engane com blusas estampadas, um disfarce perfeito, sempre que o protagonista elimina um alvo, o preto toma conta aos poucos do assassino, como se cada peça nos mostrasse o matador por completo, sua essência: coberto pela sombra da morte. O encontro com o último alvo reforça a transparência do protagonista. O foco é trabalhar com as emoções da vítima, não ter empatia. E o figurino de Fassbender na cena? Todo preto.
A direção de David Fincher cria uma atmosfera tensa intensificando o estudo de personagem. O diretor praticamente entrega o filme nas mãos de Michael Fassbender. O olhar vazio, o andar robótico. Toda ênfase no trabalho do ator ganha força no close, como se Fincher entrasse na intimidade do protagonista.
O Assassino é um estudo de personagem que nos envolve pelo conjunto, o todo. Não sabemos se quer o nome do protagonista, porém fica a pergunta: Precisa? O preto ganha a tela aos poucos mostrando a essência do matador. Uma blusa azul? O protagonista está mais leve ao lado de Shofie Charlotte? Mesmo que a personagem esteja solta no roteiro, a piscadinha pode ser uma pista, na ausência da recompensa.
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