Uma narrativa consegue emocionar pela previsibilidade? The Mustang é um exemplo de como o clichê é explorado em alguns elementos narrativos para envolver o espectador em torno das emoções. Na trama, Matthias Schoenaerts - que apresenta nuances do personagem de Ferrugem e Osso - imprime brutalidade e intensidade no olhar. O protagonista é preso e transferido para um programa de reabilitação visando o controle de seu comportamento violento, nele os detentos precisam domar os cavalos para que sejam leiloados.
A narrativa repleta de momentos previsíveis envolve o espectador e emociona na temática central: a relação entre Mustang e Roman. Um é a extensão do outro. É importante perceber que a direção sabiamente compreende ao máximo o alcançe de Matthias, que com a mesma intensidade física demonstra uma vulnerabilidade no olhar que cativa o espectador. Neste momento, aliás, durante toda a narrativa, o espectador é bombardeado por uma infinidade de closes.
The Mustang é claramente um filme com poucos recursos e o destaque fica também por conta do desing de produção. A prisão e o centro de treinamento nos aproxima da solidão de Roman e da rebeldia de Mustang. Já a liberdade que os protagonistas almejam está no contato com a natureza e na busca pelo perdão. Na falta do financeiro, o que vemos em tela é o que sentimos.
O roteiro peca em não explorar o arco dos coadjuvantes, como o personagem de
Bruce Dern, que surge em momentos pontuais e rouba todas as cenas. Uma pena que Myles não obteve um arco completo, somente uma conclusão rasa e apressada. O programa acaba junto com o personagem.
The Mustang possui uma série de clichês que nas mãos sensíveis de Laure nos aproxima dos protagonistas. o clichê no olhar de Mustang pode causar desconforto no primeiro momento, assim como no começo do treinamento, porém, no decorrer da narrativa, a aproximação do animal e o humano, nos faz sentir de alguma forma. O clichê é o verdadeiro protagonista e funciona.
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