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Saber conduzir é a chave (Pleasure)

Realmente vale de tudo pela fama? Jéssica, uma jovem de 20 anos, almeja ser atriz da indústria pornográfica. Dessa forma, entre os atos, o espectador acompanha a trajetória da protagonista submetendo-se ao mundo cruel que explora ao máximo o corpo das mulheres, mesmo que elas digam sim para vários trabalhos.

Um dos pontos positivos do roteiro de Ninja Thyberg e Peter Modestij é a leveza ao explorar a amizade entre as coadjuvantes e a protagonista. Elas brincam e cantam como jovens de 20 e poucos anos, uma pena que a dupla não intensifique mais essa leveza que a narrativa necessita entre uma cena dramática e outra. Outro ponto positivo é não saber o passado de Jéssica. O foco é a intensa batalha da jovem para ser ao menos reconhecia dentre tantas.

A direção de Ninja é certeira ao utilizar o poder do som abafado com a tela neutra deixando para o imaginário do espectador sentir as dores de Jéssica. Os enquadramentos que destacam o sufocamento da protagonista trazem o espectador para dentro da cena, sem cair na armadilha de atrair o público que aguarda por cenas mais pesadas, não que elas não sejam bem- vindas, no filme, A Criada, o olhar atento de Park Chan-wook ao demonstrar a descoberta do prazer é de uma beleza e cuidado com as atrizes sem tamanho. Só que em Pleasure o foco é outro.

Destaque fundamental é a atuação de Sofia Kappel. Se conseguimos sentir todo sofrimento físico e mental de Jéssica é consequência direta da entrega da atriz em seu primeiro trabalho. O equilíbrio entre alegria e dor envolvem o espectador por completo. Uma pena que o desfecho seja tão abrupto. O que Ninja conseguiu durante todo o longa perde a força no final. Com cenas explícitas ou não, a chave é saber conduzir e brincar com o imaginário.

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