Pular para o conteúdo principal

Não existem méritos somente equívocos (A Hora da Sua Morte)


A Hora da Sua Morte é um filme de terror, pelo menos é o que achamos quando os letreiros surgem na tela, seguido pelo prólogo explicativo de como o aplicativo funciona com a primeira morte. Acompanhamos a protagonista em uma trama extremamente previsível: a família está tentando lidar com a morte da mãe e o distanciamento torna-se inevitável. Recém aprovada para finalmente poder trabalhar como enfermeira, ela recebe a notícia de que o aparente suicídio de um paciente pode ter relação com o aplicativo que diz exatamente quando cada personagem irá morrer.

O terror ganha um viés cômico por conta do roteiro que introduz personagens que não acrescentam em nada na trama. Movida pelo desespero a jovem tenta se livrar do aplicativo comprando um novo aparelho. É a deixa para explorarem Matt da forma mais aleatória possível. Da mesma forma que ele surge para ser um par romântico forçado a trama o abandona sem nenhuma explicação. O mesmo acontece com Pater John que em um momento de desespero surge no roteiro simplesmente para explorar uma sutrama batida voltada para espíritos demoníacos. O pior e que reforça claramente a falta de rumo na trama é o personagem de Dr. Sullivan se encaixar em outra subtrama de empoderamento feminino que somente prolonga o terceiro ato. Se a trama focasse no aplicativo e no viés voltado para os espíritos o filme seria mais centrado e não perderia o foco por inúmeras vezes. 


Os atores fazem o que podem com o roteiro que tem em mãos. Alguns são conhecidos por séries de streaming e tentam aqui uma chance de fazer carreira no cinema. Além de todos os coadjuvantes serem pessimamente desenvolvidos, o único que se destaca em termos de criatividade mesmo que  de maneira estereotipada é P.J. Byrne  que aparece obviamente de forma inapropriada na trama, porém o personagem segura a aura cômica e envolve o espectador em alguns momentos. Elizabeth Lail é a protagonista que mantém a interpretação mediana e fica a deriva com o roteiro que a leva para todos os rumos possíveis e imagináveis. Ela precisa lidar com traumas pela morte da mãe, aguentar uma irmã insuportável, tentar desinstalar o aplicativo, burlar a data da morte prevista, lidar com demônios e com um assediador. Todas as subtramas demoram uma eternidade para serem desenvolvidas. Além de muito jump scare e direção acelerada. Não existem méridos em A Hora da Sua Morte, somente equívocos de um filme que não deveria existir. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Isso parece uma novela" (Bad Boys Para Sempre)

O começo de Bad Boys Para Sempre é basicamente um resgate do primeiro filme dirigido por Michael Bay. Mike e Marcus estão em um carrão em alta velocidade trocando ofensas e piadas enquanto percegue suspeitos. Além de todas as referências, a trama gira em torno de vingança, uma vingança mexicana. Sim, os vilões são mexicanos. Bandidos de um lado, policiais do outro e segredos revelados.  Will Smith sabe como lucrar na indústria, apesar de algumas escolhas equivocadas em projetos passados, Bad Boys Para Sempre parece uma aposta acertada do produtor. Desde o primeiro longa a química entre os atores é o que move a trama e na sequência da franquia não seria diferente. Martin e Will são a ação e o tom cômico da narrativa. Os opostos são explorados de forma intensa. Martin está mais contido com a chegada do neto e Will na intensidade de sempre. As personalidades se complementam apesar da aposentadoria momentânea de Marcus. Tudo ganha contornos diferenciados quando a família em to...

O Mito. A lenda. O Bicho-Papão. (John Wick : Um Novo Dia Para Matar)

Keanu Reeves foi um ator que carregava consigo o status de galã nos anos 80. Superado o estigma de ser mais um rosto bonito em Hollywood, o que não se pode negar é a versatilidade do astro ao escolher os personagens ao longo de décadas. Após a franquia Matrix, Keanu conquistou segurança ao poder escolher melhor os personagens que gostaria de interpretar. John Wick é o novo protagonista de uma franquia que tem tudo para dar certo. Um ator carismático que compreendeu a essência do homem solitário que tinha com companhia somente um cachorro e um carro. Após os eventos do primeiro filme, De Volta ao Jogo, Keanu retorna com John Wick repetindo todos os aspectos narrativos presentes no filme de 2014, mas com um exagero que faz a sequência ser tão interessante quanto o anterior. O protagonista volta aos trabalhos depois de ter a casa queimada. Sim, se as motivações para toda a ação presente no primeiro filme eram o cachorro e um carro, agora, o estopim é uma casa. Logo na primeir...

Não, não é uma crítica (Coringa : Delírio a Dois)

Ok, o título estampado no cartaz é: Coringa: delírio a dois. Podemos criar expectativas que a continuação é um filme do Coringa, correto? Na realidade, o que Todd Phillips nos apresenta e faz questão de reforçar a cada cena é que temos o Coringa, porém, o protagonista é Arthur Fleck, um homem quebrado físicamente e mentalmente. Temos também Lee Quinzel, que projeta no outro um sentido na vida e começa a manipular Arthur, para que Arlequina venha à tona. Podemos refletir sobre a manipulação da personagem, ela inclusive reforça:"Não assisti ao filme vinte vezes, talvez umas quatro ou cinco. Quem não mente?". Mas dizer que ela é culpada pelas atitudes de Arthur/ Coringa? A coerência existe no fato da personagem possuir um transtorno mental e, por isso, justifica o desejo e manipulação. Agora, qual a necessidade de criar uma pauta inexistente? O grande equívoco talvez seja do próprio estúdio em não vender o filme como musical e gerar expectativas equivocadas no espectador. É um f...