O terror ganhou espaço com uma nova vertente, porém, A Maldição da Chorona é o típico filme repleto de sustos previsíveis daqueles com características próximas dos antigos do gênero. A trama gira em torno da família de Anna Tate-Garcia que trabalha como assistente social e tenta ajudar Patrícia Alvarez e seus filhos. Após a morte dos meninos, Patrícia alerta Anna sobre a Chorona. Trata-se de uma lenda mexicana, onde uma mulher descobre a traição do marido e tomada pela loucura afoga seus filhos no rio. Desde então a Chorona persegue crianças e as afoga na tentativa de trazer de volta os filhos queridos.
James Wan é o produtor do longa e investe pesado no gênero com filmes de pequeno orçamento aproveitando para investir em cineastas novatos. É o caso de Michael Chaves. A Maldição da Chorona é o seu primeiro trabalho atrás das câmeras e para um principiante o diretor consegue envolver o espectador. Apesar de apresentar uma mise-em-scène um tanto quanto confusa em vários momentos, o diretor consegue criar a atmosfera necessária para prender espectador. Nada muito elaborado, apenas a trilha intercalando com o silêncio e a aparição da Chorona. No terceiro ato as cenas ganham uma atmosfera mais densa e elaborada fazendo com que o espectador sinta a atmosfera com um ritmo mais intenso e gradual.
O elenco adulto reforça a tensão ao longo do filme e envolve o espectador na trama. Linda Cardellini finalmente tem seu papel como protagonista e não desaponta. A atriz possui uma entrega marcante e alterna momentos de tensão e desespero. A trama ganha um tom mais cômico com a presença de Raymond Cruz. Ele é o curandeiro que auxilia a mãe para afastar o espírito de Chorona do casal de filhos. Já o elenco infantil está muito desconfortável e proporciona a sensação contrária no espectador. Em várias cenas que exigem a atmosfera tensa o casal não consegue transmitir o medo necessário para o espectador. O filme perde força com a atuação das crianças.
O roteiro de Tobias Iaconis explora de forma eficiente a maldição em torno da personagem que provoca pânico na família de Anna. O mesmo não acontece com o arco da protagonista quando é ressaltada a questão do luto da personagem. Não existe uma introdução orgânica dentro do roteiro para abordar a figura paterna. Já Anna possui um arco interessante e bem construído com direito a um easter egg no arco familiar. Quando a filha de Anna assiste o desenho de Scooby-Doo na televisão é possível fazer um link com o filme em que Linda interpretou Velma de 2002. O roteiro explora de forma simples e objetiva a ligação com uma franquia conhecida do público. Assim Tobias introduz novos personagens ressaltando filmes anteriores.
A Maldição da Chorona é um filme que envolve o espectador mesmo em momentos previsíveis. O diretor Michael Chaves consegue criar uma atmosfera tensa entre os atos apesar de proporcionar em alguns momentos uma mise-en-scène confusa. Não chega a prejudicar a experiência do espectador que desfruta de mais um filme produzido por James Wan. O gênero ganha força e envolve o público de forma intensa mesmo com os sustos previsíveis. A Maldição da Chorona evidência uma nova safra de longas voltados para o gênero terror cujo principal atrativo é produzir filmes de qualidade com baixo orçamento.
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