A história gira em torno do personagem Will e sua filha Maya. A
abertura do filme conta com uma cena hilária onde o pai vai buscá-la na escola
e todos estão em pânico. Sem saber o que aconteceu, no momento em que
finalmente consegue chegar até Maya, ela menciona algo sobre pênis e vagina. A
escola distribuiu uma espécie de cartilha sexual. No caminho para o apartamento, a filha questiona se foi fruto de um erro dos pais. Ele afirma
categoricamente que não, mas a pequena não se dá por satisfeita. O pai tem
a ideia de contar uma história sobre seus amores mais marcantes.
São elas: Emily, a namorada da faculdade; April, a amiga que ele pode contar
sempre em todos os momentos e Summer, a mulher que teve um caso com sua ex na
faculdade.
O roteiro é interessante e extremamente direto. Em determinada
cena, onde a filha já sabia grande parte da história, ela solta a pérola:
"Não acredito que você bebia, fumava e dormia com todo mundo. Mas eu ainda
te amo". Ou quando o protagonista se declara para a amiga e afirma: "
Olhe para sua vida, ela é um completo desastre. Você deveria participar
daqueles grupos de pessoas perturbadas." A forma como o roteiro é abordado
nos faz ter empatia pelas três personagens e o desfecho com uma delas não teria
tanta importância porque a história sempre caminha para construir muito bem a
relação do trio com o protagonista. A personagem de Elizabeth Banks pode ficar
deslocada em alguns momentos, mas é fundamental que seja dessa forma.
A contextualização histórica também é um aspecto interessante que
aproxima o espectador do filme como: a morte de Kurt Cobain, o barulhinho da
internet discada e o escândalo de Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky.
A literatura também é outro atrativo do enredo, o Clássico Jane Eyre
aproxima sempre April de Will. Já o personagem de Kevin Kline teve uma
inspiração forte tirada dos livros de Philip Roth, autor de O Animal
Agonizante e A marca Humana. Seu personagem vive
casos com mulheres mais jovens.
Um diferencial logo no começo do filme é a edição, os créditos iniciais
aparecem juntamente com ambientes característicos de Nova York, a impressão que
se tem é que a cidade também pode ser considerada um personagem no longa. Todas
as três histórias possuem tomadas externas em bares ou bancos de praças. Quando a
filha o interrompe, a tela fica dividida com os dois
personagens e com pausas. A direção inova em alguns recursos,
mas logo Adam Books deixa esse aspecto e utiliza takes óbvios para retratar a
história. Três Vezes Amor é o tipo de filme que causa empatia ao
espectador pelo simples fato de ser direto e retratar a vida como ela realmente
é: repleta de encontros e desencontros.
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