Após os recentes acontecimentos de Os Vingadores: A Era de Ultron
, o governo estuda, por meio do Tratado de Sokovia, uma maneira de fazer os heróis
serem responsáveis diretamente pelos seus atos que sempre resultaram em
consequências drásticas. Tony Stark compreende que os heróis necessitam de um
registro, já Steve Rogers acredita que os mesmos não precisam da vigilância
constante do governo, muitas vezes sendo tratados como os verdadeiros vilões da
história. É o que basta para acender a faísca entre os personagens que desde Os
Vingadores nutriam uma rivalidade. Os grupos são formados e só resta ao
espectador ver uma verdadeira aula de como fazer um universo compartilhado
funcionar quase perfeitamente. Lembre-se: existe sempre aquele um por
cento.
Capitão tenta salvar seu amigo de longa data. O embate entre o
grupo de heróis é inevitável. Neste universo, ainda existe espaço para um vilão
extremamente realista motivado pela vingança e a introdução de dois importantes
personagens, o herói da vizinhança / Homem Aranha e o rei de Wakanda / Pantera
Negra. Como fazer para que o público não fique perdido com tantas subtramas?
Essa missão é exercida com competência pelos roteiristas Christopher Markus e
Stephen Mcfeely. A trama consegue seguir um curso interessante sem cansar o
espectador e sempre envolvê-lo a cada cena. Como Pantera Negra é um personagem
novo no universo é fundamental a forma que ele se faz presente desde o
começo da trama e a motivação do herói é bastante relevante principalmente para
intercalar os universos propostos. O que dizer do "pirralho"? É
necessário muito pouco, duas cenas no máximo, e já compramos a ideia de um novo
Homem-Aranha. Com um roteiro simples somos envolvidos por todas as tramas
destacadas em Guerra Civil fazendo o filme ter um aspecto firme na proposta
realizada de avançar nos acontecimentos e simultaneamente concluir outras
questões propostas ao longo da história.
O filme possui duas atmosferas bem trabalhadas pelos irmãos russo.
Os diretores conseguem transmitir a sensação de realismo das lutas com cenas
extremamente coreografadas, mas não deixam o espetáculo fora da tela, com a tão
falada cena do aeroporto. Tudo é muito grandioso no momento oportuno. A
primeira parte do filme concentra em cenas mais contidas de perseguição e o
contato físico de alguns personagens. A segunda parte é voltada para a
grandiosidade do embate dos heróis, onde cada um faz a cena ganhar relevância
por destacar seus poderes e como eles potencializam a cena dando agilidade e
fazendo que com futuramente ela seja uma referência para o gênero de heróis na
tela grande.
A crítica, até o momento, destacou os noventa e nove por cento, aqueles aspectos positivos que fazem de Guerra Civil um filme relevante no cenário atual. Mas está faltando algo. Aquele um por cento? Sim, ele existe. A trama possui seus equívocos. Qual seria a necessidade de explorar um personagem que como ele mesmo enfatiza ainda não sabe ao certo como utilizar seus poderes? Chega a ser um insulto colocar Visão como guarda - costas de Feiticeira. E o Gavião Arqueiro, já no primeiro Thor, não consegue o destaque apropriado. Ele foi bem desenvolvido em A Era de Ultron, com seu o núcleo familiar, mas qual a relevância do personagem nesta trama? Tudo caminhava tão bem para o desenvolvimento do terceiro ato, a cena entre Capitão e o Homem de Ferro estava muito próxima dos quadrinhos, mas o Soldado Invernal foi fundamental para o contexto da trama, não há como questionar esse aspecto, não vou dar spoiler, o problema foi ele ter participado do desfecho da luta que foi muito aquém de tudo proposto no filme.
Capitão América: Guerra Civil é um filme que alcança o entretenimento mesmo repetindo algumas fórmulas. Consegue explorar os personagens de forma competente deixando no público um certo saudosismo dos heróis e postergando a sensação de que este universo compartilhado pode acabar com Guerra Infinita.
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