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O poder do silêncio (O Artista)




A pergunta que não quer calar :  O Artista é realmente tudo isso que falam? Sim, ele é tudo isso e muito mais. A escolha do casal de protagonistas é a chave para o filme, pois a química existente entre Jean Dujardin e Bérénice Bejo enche a tela de beleza e intensidade. Como não se encantar com o sorriso do protagonista que ocupa praticamente toda a tela? E a graça da mocinha em ascensão que não esquece a gratidão pela pessoa amada?

O artista consegue cativar o público pela simplicidade da história. Um ator em decadência preso ao passado que tenta lidar com o ostracismo, e uma jovem que simplesmente quer cuidar de seu amor. Não podemos esquecer de Oggie, o cachorrinho do protagonista. As cenas do cãozinho com seu dono são envolventes e trazem leveza para a trama. Oggie aparece para agraciar o público, principalmente em momentos previsíveis do filme. Destaque também para a ponta de Malcolm McDowell , uma singela homenagem ao astro de Laranja Mecânica.

 

O diretor utiliza de metalinguagens para aproximar o espectador, várias cenas criam a atmosfera dos estúdios e sets de filmagens da época. A figura de John Goodman reforça a ideia de que no passado, ou nos dias atuais, os atores que estão no topo possuem prazo de validade, neste momento a trama fica mais intensa e mostra o declínio do protagonista. A cena final é catatônica, homenagem aos grandes musicais de Hollywood. Com  a invasão tecnológica na sétima arte, O Artista demonstra que o poder do silêncio pode fazer toda diferença.

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