A tormenta do mar de Manuela começa quando a protagonista descobre uma gravidez inesperada. Com a carreira profissional em ascensão, um questionamento surge: ser ou não mãe? Após a decisão conjunta, Manuela e o parceiro decidem ter o bebê. A tormenta torna-se mais intensa quando uma tragédia interrompe os planos do casal.
Mar de Dentro é um estudo de personagem sobre as angústias da maternidade e principalmente sobre sororidade. A licença maternidade é um verdadeiro caos, onde Manuela precisa lidar com as dores do leite que não desce e quando finalmente consegue o sofrimento é tamanho que surge a indignação:" Oh, filho!".
Uma subtrama importante são as coadjuvantes que auxiliam Manuela enquanto ela achava que poderia dar conta de tudo sozinha. O conflito de gerações também é explorado na figura da avó paterna que deseja ter o neto para si. Já próximo ao retorno do trabalho, três mães são exploradas: duas babás e a protagonista. A mais nova, fica com o bebê no período noturno, enquanto, a experiente, pela manhã, porém, Manuela logo percebe que ser mãe é estar presente no momento que o filho clama por ela.
O ritmo da narrativa é sentido por pausas nos diálogos e a direção intensifica o estranhamento com planos curtos. O destaque fica para a atuação de Monica Iozzi que carrega o filme como um filho. A atriz sabe que o filme é todo dela e mostra ao espectador uma nova vertente.
É importante ressaltar o quanto o som diegético predomina sendo o protagonista em diversas cenas. Ele está presente no choro compartilhado da mãe e do filho e também na ausência do elemento no silêncio merecido de ambos. O desfecho demonstra que o mar pode estar calmo, mas ser mãe sempre é uma eterna tormenta de alegrias e preocupações. O mar sempre pode virar acompanhando os acontecimentos da vida.
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