O diretor René Sampaio afirma em coletiva que pretende realizar uma trilogia inspirada em músicas da banda Legião Urbana. O primeiro longa foi Faroeste Caboclo, de 2013. Agora René apresenta ao espectador o segundo filme, Eduardo e Mônica, que sofreu diversos atrasos no lançamento em decorrência da pandemia. A trama gira em torno do casal e foca principalmente nas divergências voltadas para a diferença de idade e personalidades opostas. Mônica possui um espírito livre e inquietante. Já Eduardo é introspectivo e sabe exatamente o que deseja. Mônica reluta ao máximo começar um relacionamento com o jovem, pois acredita que a diferença de idade pode afetar o relacionamento. Além da idade, a protagonista sabe que em algum momento a liberdade que tanto almeja irá afetar o relacionamento. O roteiro segue explorando ao máximo os opostos e como cada um lida com os obstáculos.
É inegável que para um filme focado em um casal é preciso que os atores possuam química e em Eduardo e Mônica existe entrosamento entre Alice Braga e Gabriel Leone. Devemos destacar também que em filme com voltados para esta temática o espectador escolha um lado para chamar de seu. Claro que Mônica é mais madura em diversos momentos refletindo a racionalidade da protagonista. Já a introspecção de Eduardo e algumas respostas carregadas de humor fazem o espectador se aproximar mais do jovem. O que o roteiro faz a todo momento é explorar as personalidades e o que cada uma pode acrescentar na relação. Mas em momentos específicos René desenvolve mais o personagem de Eduardo deixando de lado momentos importantes de Mônica. Outro aspecto que fica solto no roteiro é o núcleo de Alice que enfraquece por demais a personagem. Existe um arco dramático que une a família, porém não são explorados o suficiente surgindo do somente em cenas específicas. Já Victor Lamoglia é o que torna o filme mais leve e divertido. O melhor amigo de Eduardo torna qualquer subtrama do longa envolvente. Carismático, o ator eleva ainda mais o núcleo do protagonista, além de contar com a presença do veterano Otávio Augusto como Bira.
O casal consegue cativar o espectador em vários momentos, porém, o elemento narrativo que auxilia ainda mais na imersão do público é a trilha sonora que o transporta para a década de 1980 e embala o romance dos protagonistas. Entre uma discussão e outra, o espectador intensifica os conhecimentos musicais com vários sucessos marcantes do rock nacional e internacional. The Clash, A-ha e Titãs são algumas das bandas que surgem no decorrer dos atos. Já René consegue imprimir para a direção uma aura leve , apesar de já conhecermos o destino dos personagens. A capital federal também surge como pano de fundo para os encontros de Eduardo e Mônica. Ela, de moto; Ele, de camelo.
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