O Pergaminho Vermelho, a primeira animação brasileira adicionada no serviço de streaming da Disney+, acompanha a trajetória da adolescente Nina, que vive os conflitos da idade repleta de turbulências, além de ter que lidar com as constantes discussões dos pais em casa. Com o ambiente conturbado, a jovem decide sair e andar de skate. A fuga da realidade leva a pequena protagonista a um mundo paralelo e a faz refletir sobre diversas temáticas.
Nina é transportada para um mundo paralelo por ter achado o pergaminho vermelho. O objeto faz da protagonista a escolhida para salvar um povo das forças das trevas. A rainha está amaldiçoada e com a ajuda de velhos e novos amigos, Nina enfrenta obstáculos para tentar concluir sua missão e retornar para casa. O roteiro explora valores como amizade, companheirismo, ciúmes, maldade e acima de tudo, a importância de crescer e assumir responsabilidades. A animação envolve os pequenos e os adultos. A trama prende a atenção dos pequenos porque existe uma peça chave, ou melhor, um coadjuvante que sempre funciona, aqui temos Wupa, um bichinho de pelúcia que se transforma em bicho preguiça com uma voz suave. Já para os adultos, as referências são inúmeras. Tem o espelho de A Bela Adormecida, o Senhor dos Anéis, Matrix, Gorpo (He-Men) e uma pitadinha de A História Sem Fim. No desfecho, a animação ganha ao transmitir mensagens significativas para os pequenos e ao mesmo tempo entretem os adultos pelas referências.
A direção é fluída e cria uma atmosfera interessante de tensão e emergência enquanto proporciona pausas para as reflexões de Nina. Um pouco distante da direção está a trilha sonora que é utilizada de forma exagerada durante toda a narrativa. Existe o cuidado em ambientar a protagonista nas cenas que exigem maior tensão, porém, o exagero acaba por causar ruídos.
O Pequeno Pergaminho é extremamente válido por ser um ponto fora da curva em um universo de animações predominantes dos estúdios Pixar. É importante para os pequenos o acesso visual ao saci, mesmo que não seja mencionado no roteiro algo sobre o folclore brasileiro. Vale também reforçar a questão da nostalgia presente nas referências. Até que ponto elas são válidas ou somente estabelecem uma zona de conforto no roteiro? A animação é um marco no catálogo, porém, vale se desprender da nostalgia e alcançar novas perspectivas.
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