O Inimaginável resgata sentimentos adormecidos de Alex em meio ao caos de ataques terroristas na Suécia. Enquanto a trama gira em torno dos conflitos internos e externos do protagonista, o espectador observa a direção tentando lidar com tudo que o roteiro quer abraçar. A narrativa se estende ao intensificar momentos resgatados em flashbacks desnecessários. Alex precisa enfrentar o passado turbulento do pai e adormecer sentimentos por Ana. E ainda temos espaço, ou não, para uma subtrama voltada para o caos dos coadjuvantes tentando lidar com os ataques repentinos na luta pela sobrevivência. O grande problema que percorre toda a narrativa é o roteiro não saber explorar nos momentos certos cada conflito e os desdobramentos dos mesmos em cada personagem. O momento proposto para fechar os arcos de cada um está imerso no caos da luta das cenas de ação. Conclusão: o espectador fica com a sensação de ter tudo pela metade com breves cenas repletas de informações importantes.
A falta de direcionamento no roteiro é sentida também na direção de Victor Danell, que não consegue focar os arcos dos personagens apressando diversas cenas de ação visando à conclusão das subtramas. Perto do final da narrativa, Alex foge de um tiroteio, enquanto um helicóptero choca com o outro, Björn possui uma última cena e o protagonista ainda precisa fazer uma revelação que não possui propósito algum para Anna, que deseja somente salvar sua filha. E,assim, Victor tenta conciliar tudo em uma única cena. As cenas de ação, mesmo que não tenham muitos conflitos explorados pelo roteiro, não são dirigidas de forma com que o espectador sinta tudo que está refletido na tela. Os momentos abruptos que provocam surpresa no público são dirigidos com sucessivas interrupções, como no caso das batidas de carro da personagem vivida pela atriz Pia Halvorsen.
Além da direção, o caos também é sentido na montagem totalmente perdida entre idas e vindas do roteiro. Os flashbacks explorados no desfecho da trama provocam cansaço e estendem de forma desnecessária a narrativa, além de cortes sucessivos para proporcionar ritmo às cenas de ação. Se é caos que o roteiro quer, então vamos intensificá-lo na montagem. Na contramão temos a fotografia que apresenta um trabalho importante na composição dos atores. A paleta com cores frias dialoga perfeitamente com a ausência de rumo em meio ao caos dos ataques e solidão dos personagens. Já as cenas de ação e a intensidade presente na relação paterna são imersas pela paleta com cores quentes.
O espectador consegue em alguns momentos acompanhar o arco de Jesper Barkselius, de longe, o melhor personagem do filme. O ator imprime desespero e ausência de sentimentos nas transições de Björn. O público percebe a conexão do externo com o interno proposto para o personagem. Já Christoffer Nordenrot intensifica a introspecção dos sentimentos de Alex causando certo distanciamento do espectador em acreditar nas emoções de Alex. O que é uma pena, pois, o ator consegue em momentos específicos explorar algumas nuances para o protagonista. No desfecho, O Inimaginável é filme que intensifica drama e ação, porém, os gêneros ficam soltos em meio ao caos das subtramas propostas pelo roteiro. Temos vários filmes em um.
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