Jean Claude Van Damme foi o astro dos filmes de ação na década de 90 e que ainda participa de algumas produções. Os filmes que o ator protogonizou abordavam uma temática extremamente simples, que seguia uma tríade: a atriz como par romântico, o protagonista na busca por vingança e os conflitos internos. Punhos da Vingança suga ao máximo essa tríade, porém, está muito distante dos filmes protagonizados por Van Damme. A narrativa abraça várias subtramas com uma pressa sem fim. Aqui a desorganização na montagem é tamanha que não existe tempo para que o espectador acompanhe todas as ações do protagonista. A trama central gira em torno da investigação do policial infiltrado em um campeonato de artes marciais visando prender um poderoso traficante de drogas. Se a trama focasse somente nesse aspecto seria o ideal e não cansaria o espectador que com dez minutos de filme. Não que os filmes do Van Damme fossem distintos, porém, a grande diferença é que o espectador se envolvia com a narrativa.
A montagem é o grande problema com cortes abruptos e falta de rumo ao explorar as subtramas propostas pelo roteiro. Vale destacar que os elementos narrativos em conjunto, montagem e roteiro, provocam um cansaço interminável logo no término do primeiro ato. Até o espectador acompanhar as reviravoltas propostas em cada subtrama...Os espectadores são os verdadeiros vencedores do torneiro, ele começa e simplesmente não termina. Ah, temos um coadjuvante de luxo. É preciso ver para crer. Os cortes persistem e evidenciam a falta de continuidade. Outra diferença dos filmes de Van Damme: a montagem auxiliava e muito nas cenas de ação.
As cenas de ação são dirigidas de forma frenética e sem o mínimo cuidado para que o espectador saiba ao menos o que está acontecendo. Como são muitas subtramas até os atores ficam perdidos no pior sentido. Wei Zhao transmite essa sensação com dramaticidade. A atriz está perdidinha sem saber as transformações que movem suas ações. E o que dizer da pior cena possível do policial disfarçado de mulher? Uma cena com os piores diálogos em pleno 2021? Não existe lógica e propósito para tal. Totalmente desnecessária. Mas o propósito do filme não é somente entreter? Existe uma noção totalmente errônea em minimizar o valor do entrenimento voltado para filmes comerciais de ação. Muitos filmes podem e devem conciliar entretemimento e qualidade. Infelizmente Punhos da Vingança bebeu na fonte de filmes do Van Damme, porém, não consegue fazer o básico: a conexão com o espectador. Saudosismo eterno dos filmes de ação dos anos 90. Van Damme manda lembranças.
Comentários