A série Fleabag, de Phoebe Waller-Briged, nos deixou uma grande lição: o momento exato de acabar. Com duas temporadas e com enorme sucesso de público e crítica, Phoebe foi taxativa em afirmar que não faria sentido extender a trajetória da protagonista. Ok, mas a crítica aqui é do filme Espiral - O Legado de Jogos Mortais (aqui vou abrir um parênteses e pedir permissão para não escrever o subtítulo), uma continuação da franquia. No desfecho confesso que fiquei confusa se tivemos um reboot ou uma continuação. Fico com a continuação. Não há como negar que James Wan sabe jogar o jogo de Hollywood. O primeiro Jogos Mortais surgiu de um curta que chamou atenção do estúdio Lions Gate e Wan fez dele um longa de muito sucesso. Sucesso quase sempre vira sinônimo de franquia. O tempo passou e ao todo, com este novo filme, já estamos no nono capítulo. E a pergunta é :precisava realmente de outro filme?
Na trama Chris Rock é um policial que não é bem quisto no ambiente de trabalho. No passado o protagonista entregou um colega e muitos não concordaram com a decisão. Zeke apenas tem como aliada a chefe Angie que não demora para deixar nas mãos do protagonista um caso inspirado em Jigsaw. No lugar das fitas, o assassino manda um pen drive com pistas para o policial. Claro que o assassino sempre está um passo à frente de Zeke. Outro que tenta auxiliar na investigação é o novato William. Ambos seguem tentando desvendar e freiar as mortes.
Se voltarmos ao passado, o primeiro longa tem uma roupagem próxima de filmes b. Baixo orçamento, poucas locações, atores iniciantes, outros pouco conhecidos e veteranos fazendo uma ponta. Aqui temos essa atmosfera voltada para filmes b, porém, um pouco mais sofisticada. Chris Rock andava sumido e Samuel L. Jackson é um veterano com carreira consolidada. Mas os coadjuvantes... Ah, os coadjuvantes... Bom, Chris Rock capricha na interpretação, só que não. Podemos dizer que ele até foi fiel ao primeiro longa. Quem não lembra das camadas dramáticas de Dr. Lawrence? Chris capricha no olhar penetrante. Já Max Minghella é mediano como o novato William.
Os jogos em si não são atrativos para o espectador, pois alguns foram retirados de longas anteriores. O roteiro não explora devidamente o conflito entre pai e filho fazendo com que o público não se importe com o desfecho da trama. Espiral é mais do mesmo com um único intuito: gerar lucros. James Wan poderia conversar um tiquinho com Phoebe, Ela soube exatamente o momento certo de encerrar o produto.
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