Pular para o conteúdo principal

Uma metralhadora falante (Minha Mãe é Uma Peça 3)


Dona Hermínia retorna para o fechamento de um ciclo e tenta superar a síndrome do ninho vazio. Os filhos quase não aparecem para visitar e a protagonista se vê extremamente só. O passa tempo predileto é mudar de mala e cafezinho para a portaria do prédio. Para uma pessoa hiperativa a solidão é a pior companhia e a idade trás consigo algumas limitações físicas. Dona Hermínia já não dança como antigamente e a nostalgia insiste em trazer lembranças dos filhos ainda pequenos. Juliano vai casar e Marcelina vive a experiência da maternidade. Tudo ao mesmo tempo e com uma boa dose de humor.

Paulo Gustavo intensifica o papel que marcou sua carreira e por esse motivo está mais solto ao interpretar Dona Hermínia. O ator parece desfrutar da zona de conforto que a personagem lhe proporcionou ao longo dos anos. A dona de casa que possui uma metralhadora no lugar da boca ganhou o espectador. No desfecho da trilogia, o ator que também é responsável pelo roteiro apresenta ao público novas indagações da protagonista. A zona de conforto aparece e arranca rizadas constantes do espectador. O ator explora ao máximo as a protagonista em uma trama leve e divertida. Alguns coadjuvantes retornam somente para prolongar a narrativa. O arco de Dona Loudes destoa e arrasta o filme como um todo. O mesmo acontece com o grupo de idosas que a protagonista organiza para eventos de dança. A piada causa graça, mas se utilizada mais de uma vez perde o sentido. Outros personagens surgem para acrescentar ao arcos dos coadjuvantes.


Com uma montagem simples que prioriza em determinados momentos o flashback, o elemento narrativo acrescenta em temáticas voltadas para o preconceito e independência emocial sempre focando no olhar materno. Apesar da previsibilidade, o fechamento da trilogia encerra ciclos visando o amadurecimento dos filhos e visões distintas da maternidade. Quem sabe Dona Hermínia não retorna para mais um filme disparando sua metralhadora falante para todos ao seu redor?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Entretenimento de qualidade (Homem-Aranha no Aranhaverso)

Miles Morales é aquele adolescente típico que ao grafitar com o tio em um local abandonado é picado por uma aranha diferenciada. Após a picada, a vida do protagonista modifica completamente. O garoto precisa lidar com os novos poderes e outros que surgem no decorrer da animação. Tudo estava correndo tranquilamente na vida de Miles, somente a falta de diálogo com o pai o incomoda, muito pelo fato do pai querer que ele estude no melhor colégio e tudo que o protagonista deseja é estar imerso no bairro do Brookling. Um dos grandes destaques da animação e que cativa o espectador imediatamente é a cultura em que o personagem está inserido. A trilha sonora o acompanha constantemente, além de auxiliar no ritmo da animação. O primeiro ato é voltado para a introdução do protagonista no cotidiano escolar. Tudo no devido tempo e momentos certos para que o público sinta envolvimento com o novo Homem-Aranha. Além de Morales, outros heróis surgem para o ajudar a combater vilões que dificultam s

Um pouquinho de Malick (Oppenheimer)

Um dos filmes mais intrigantes que assisti na adolescência foi Amnésia, do Nolan. Lembro que escolhi em uma promoção de "leve cinco dvds e preencha a sua semana". Meus dias foram acompanhados de Kubrick, Vinterberg e Nolan. Amnésia me deixou impactada e ali  percebi um traço importante na filmografia do diretor: o caos estético. Um caos preciso que você teria que rever para tentar compreender a narrativa como um todo. Foi o que fiz e  parece que entendi o estudo de personagem proposto por Nolan.  Décadas após o meu primeiro contato, sempre que o diretor apresenta um projeto, me recordo da época boa em que minhas preocupações eram fórmulas de física e os devaneios dos filmes. Pois chegou o momento de Oppenheimer, a cinebiografia do físico que carregou o peso de comandar a equipe do Projeto Manhattan,  criar a bomba atômica e "acabar" com a Segunda Guerra Mundial. A Guerra Fria já havia começado entre Estados Unidos e a Alemanha, no quesito construção da bomba, a ten

Rambo deseja cavalgar sem destino (Rambo: Até o Fim)

Sylvester Stallone ainda é o tipo de ator em Hollywood que leva o público aos cinemas. Os tempos são outros e os serviços de streaming fazem o espectador pensar duas vezes antes de sair de casa para ver determinado filme. Mas com Stallone existe um fator além da força em torno do nome e que atualmente move a indústria: a nostalgia. Rambo carregava consigo traumas da Guerra do Vietnã e foi um sucesso de bilheteria. Os filmes de ação tomaram conta dos cinemas e consagraram de vez o ator no gênero. Quatro décadas após a estreia do primeiro filme, Stallone resgata o personagem em Rambo: Até o Fim. Na trama Rambo vive uma vida pacata no Arizona. Domar cavalos e auxiliar no trabalho da policial local é o que mantém Rambo longe de certos traumas do passado. Apesar de tomar remédios contralodos, a vida beira a rotina. O roteiro de Stallone prioriza o arco de Gabriela, uma jovem mexicana que foi abandona pelo pai e que vê no protagonista uma figura paterna. No momento em que Gabriela d