O Reino Gelado: A Terra dos Espelhos possui alguns problemas de roteiro, montagem e direção. A animação passa pelos personagens de maneira apressada fazendo com que os espectadores não se importem com a trama apresentada ao longo dos atos. A jovem Gerda vive um dilema de deslocamento dentro na família. Todos possuem poderes mágicos, menos ela que sempre se sentiu diferente. Quando o Rei Harald aprisiona todos os mágicos e seres que não são humanos na terra dos espelhos, a protagonista precisa salvar não somente todos da região como também descobrir o seu valor. O grande problema que está presente durante todo o filme é a pressa ao abordar o arco dos personagens. Não existe o cuidado e tempo para que as reviravoltas sejam assimiladas pelo público. No primeiro ato o cuidado ao apresentar a família de Gerda é explorado de forma coesa. Após a protagonista ter que salvar sua família o roteiro não consegue focar nas subtramas e o longa transmite a sensação de confusão com a entrada de novos personagens. O ritmo do filme é tão apressado que os personagens que auxiliam na trajetória da protagonista não apresentam relevância no contexto apresentado. A vilã logo é convencida a ajudar Gerda. Ao longo da animação a Rainha da Neve percebe que a jovem não possui poderes, mas todos estão dispostos a ajudá-la. A todo o momento falas são repetidas para enfatizar a ausência de poderes da personagem e a força interior da jovem. A repetição dos argumentos que movem as ações dos personagens provoca cansaço no espectador. Se a motivação da vilã não é explorada na trama, o filme perde força ao longo dos atos mesmo que as mensagens sejam relevantes para o público-alvo.
Como não existe tempo suficiente para que o espectador se preocupe com os conflitos da protagonista, o visual poderia despertar o interesse dos pequenos. Imagino que para as crianças o que realmente importa é a trama. Claro que uma produção com efeitos mais elaborados auxilia na imersão do público. Porém, não seria justo comparar a animação com os demais estúdios. Vale ressaltar a importância das temáticas em detrimento dos efeitos e qualidade da animação. Se sentir diferente dos demais, a pressão dos pais na educação dos filhos, o poder do perdão, o valor da amizade e o extermínio de diferentes povos. Todas as temáticas são abordadas de forma leve e sensível para atingir o olhar atento dos pequenos. A importância dos coadjuvantes ressalta a questão da diversidade de povos e amplia a temática da tirania presente no poder exercido pelo Rei. Os trools, piratas e humanos unem forças para salvar a família de Gerda.
Ao mesmo tempo em que existe uma pressa ao abordar assuntos delicados para os pequenos a montagem surge para quebrar o ritmo da animação. As temáticas são exploradas e logo interrompidas pelo elemento narrativo quebrando o envolvimento do espectador com a trama. A ausência de trilha também quebra o envolvimento, o elemento é extremamente pontual tornando os atos arrastados. Em alguns momentos de tensão a trilha poderia auxiliar na emoção do espectador o que não ocorre devido à pressa que acompanha todos os personagens. Apesar de todos os problemas sentidos no decorrer da animação as temáticas abordadas podem alcançar os pequeninos. Não existe um visual chamativo e alguns estereótipos são explorados de forma rasa. Agora os coadjuvantes, especialmente, o bichinho de estimação da protagonista é o que há de melhor na animação. Ele reage conforme os sentimentos de Gerda e demonstra lealdade ao acompanha-lá nos piores momentos. O Reino Gelado: A Terra dos Espelhos ressalta que independente de efeitos visuais sofisticados, o que importa é a mensagem chegar no coração ao espectador.
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