Sobibor é um filme de elementos narrativos que em conjunto envolvem o espectador na temática dos campos de extermínio. Na trama Sasha decide com outros judeus planejar a fuga do campo Sobibor. O filme gira em torno das torturas que o povo judeu sofreu quando o nazismo era para muitos alemães uma religião. Os atos destacam momentos de sofrimento extremo baseado em eventos reais. No total 400 prisioneiros tentaram fugir e 150 sobreviveram para relatar o ocorrido.
Os elementos narrativos corroboram para que a mise-en-scène não seja somente o retrato histórico. O som ensurdecedor da sirene exalta prazer ao mesmo tempo em que gera pânico. A fumaça intercala momentos específicos da montagem que guia o espectador na transição das cenas. A trilha sonora ganha vertente protagonista e se faz essencial no filme como um todo. Esse elemento pode soar excessivo, mas é necessário para transmitir o sofrimento e tensão presente na trama. A fotografia com paleta de cores frias reforça o sentimento, loucura e romance entre os personagens. A direção de arte e figurinos destaca a importância em transportar o espectador para o período histórico.
A direção de Konstantin Khabenskiy intercala o primeiro plano no intuito de explorar ao máximo as interpretações dos atores com o silêncio em diversas cenas. O diretor explora de forma intensa a mise-en-scène ao preencher toda a tela e destaca a importância de todos os personagens na trama. Durante todo o filme Konstantin opta por utilizar a edição de som para expressar os sentimentos de determinado personagem e foca em primeiro plano a reação dos demais personagens. Já o roteiro de Michael Edelstein intensifica a ação e camadas de cada personagem alternando a trama com momentos de tensão e romance. Os personagens femininos são os responsáveis por trazer uma leveza para a trama. O roteiro prioriza em vários momentos o sofrimento para explorar aos poucos os arcos dos personagens.
Sobibor não teria a força presente na tela se não fosse pelo elenco. Todos os atores são fundamentais para transmitir a emoção necessária no envolvimento do espectador. Além da direção, Konstantin interpreta Alexander de forma intensa. A presença feminina equilibra a tensão na trama. Mariya Kozhevnikova alterna o sofrimento com a religião para suportar os traumas do nazismo e da guerra. Selma é o ponto de equilíbrio entre a sensibilidade e a tensão que o filme necessita para trazer alívio ao espectador. Vale destacar também a presença de Christophe Lamber que explora a dualidade de Karl Frenzel à frente do campo nazista. A troca de olhares entre Karl e Alexandre reforça a tensão e eleva a interpretação dos atores. O restante do elenco alterna o extremo dos atos nazistas e a esperança de um recomeço.
Sobibor é um filme em que os elementos narrativos destacam um período doloroso histórico. A ligação desses elementos e o poder presente nas imagens fazem do filme um represente intenso da temática na sétima arte. Sobibor transporta o espectador para a dura realidade e sofrimento do povo judeu. E pensar que uma pessoa no poder pode simplesmente ter a ideia de superioridade e passar adiante. Cabe ao cinema a tentativa de extrair humanidade em meio ao caos.
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