Eu, Minha Mãe E Wallace tem uma característica forte que permeia vários filmes em festivais: a naturalidade nas interpretações. A garotinha do curta é um exemplo interessante dessa naturalidade. Para os demais atores com mais experiência achar essa leveza na interpretação é uma questão complexa. Fabrício de Boliveira é o ator mais experiente do quarteto e encontrar o tom da naturalidade sem destoar das demais interpretações do curta não é tarefa fácil. Fabrício consegue transmitir naturalidade, mas em diversos momentos o espectador percebe nitidamente a distância nas interpretações. Não é um demérito do curta, pois Noemia Oliveira também consegue imprimir naturalidade com força para uma mulher que criou a filha sozinha. Já a pequena Sophia Rocha é ela mesma e funciona para compor o trio.
Wallace esteve preso por onze anos. Ao retornar para casa se depara com a indiferença da mulher e com a distância da filha. A filha não sabe que ele é seu pai, ela acredita que Wallace seja uma pessoa que conserta geladeiras. O conserto foi prontamente solucionado. Somente ligar na tomada. Essa passagem e o fato do protagonista passar um desodorante roll on no pescoço para dar um cheirinho a mais demostra leveza e humor no roteiro. O concerto é um pretexto para Wallace finalmente conhecer a filha. Assim, o roteiro permeia o distanciamento e a tentativa de reaproximação do trio durante todo o curta.
O curta retrata a vida de várias mulheres brasileiras que educam os filhos na ausência do pai. Quando o pai retorna, um fio de esperança surge. Mas Wallace está novamente de passagem. O que ele precisa é de um registro para eternizar o momento. A foto é reflexo do sentimento dos personagens. O protagonista deseja o registro com a filha, já a mãe se posiciona com um certo distanciamento. A foto simboliza uma união que nunca existiu.
*Curta-metragem exibido na Mostra Competitiva do 51°Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
*Prêmios: Melhor atriz coadjuvante e Melhor Curta Júri Popular
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