Pular para o conteúdo principal

Um sorriso leve (Plano Controle)


Marcela deseja viajar pelo mundo. Um plano de celular "Slim" oferece viagens. A protagonista compra o teletransporte como se fosse a recarga de créditos para o celular. A tentação é grande quando a opção oferecida é a famosa cidade de Nova York. Pensando que iria para os Estados Unidos, a protagonista se frustra quando vai parar numa cidade brasileira no interior com o nome similar. O curta de Juliana Antunes poderia ter levado o candango de melhor roteiro. Não que a premissa seja inovadora, mas a temática ser por um plano controle de uma empresa de telefonia é, no mínimo, inusitada. 

O roteiro assinado também pela diretora aborda a tentativa de conhecer diversos lugares em diferentes períodos. Ao ser teletransportada para uma cidade no interior de Minas, a protagonista conhece um jovem e logo fica próxima dele. O que os aproxima? Um tiquinho (diminutivo para um curta mineiro) de cachaça. Marcela toma a água ardente e joga sinuca comentando os acontecimentos políticos de 2016 e quando Dilma Rousseff foi eleita presidenta. E, assim, o roteiro aborda os mais variados temas marcantes na política e cultura brasileira. A montagem é a verdadeira protagonista do curta. O elemento narrativo é responsável pelo humor no filme. Lima Duarte pedindo melão, a nave da Xuxa pegando fogo, músicas sertanejas marcantes, o impeachment sofrido por Dilma e o acidente do irreverente grupo Mamonas Assassinas. O mais interessante é o fato do amigo tecer comentários mais cômicos do que as imagens sugeridas. O ator Uirá dos Reis ganhou o candango de melhor ator coadjuvante, ele interpreta o amigo da protagonista de forma leve e cômica. Merecido? Hum... tivemos atuações mais marcantes. 

Plano Controle é um curta-metragem inteligente regado de comicidade. Quando a protagonista é teletransportada, a qualidade da imagem e a razão de aspecto são diferenciadas do tempo abordado no primeiro ato do curta. Com um roteiro criativo que percorre vários momentos marcantes do entretenimento e política, Plano Controle poderia facilmente ganhar outros candangos no Festival. O desfecho proporciona ao espectador um sorriso leve onde imagem e trilha sonora dialogam perfeitamente.


*Curta exibido na Mostra Competitiva do 51°Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
* Prêmios: Melhor montagem e ator coadjuvante

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Não, não é uma crítica (Coringa : Delírio a Dois)

Ok, o título estampado no cartaz é: Coringa: delírio a dois. Podemos criar expectativas que a continuação é um filme do Coringa, correto? Na realidade, o que Todd Phillips nos apresenta e faz questão de reforçar a cada cena é que temos o Coringa, porém, o protagonista é Arthur Fleck, um homem quebrado físicamente e mentalmente. Temos também Lee Quinzel, que projeta no outro um sentido na vida e começa a manipular Arthur, para que Arlequina venha à tona. Podemos refletir sobre a manipulação da personagem, ela inclusive reforça:"Não assisti ao filme vinte vezes, talvez umas quatro ou cinco. Quem não mente?". Mas dizer que ela é culpada pelas atitudes de Arthur/ Coringa? A coerência existe no fato da personagem possuir um transtorno mental e, por isso, justifica o desejo e manipulação. Agora, qual a necessidade de criar uma pauta inexistente? O grande equívoco talvez seja do próprio estúdio em não vender o filme como musical e gerar expectativas equivocadas no espectador. É um f...

Uma guerra que está longe de acabar (Um Estado de Liberdade)

O período era a Guerra Civil Americana e o fazendeiro Newton Knight foi convocado para lutar, mas vários questionamentos lhe inquietavam: Morrer com honra defendendo a Nação? Qual o objetivo da guerra? Quais eram as verdadeiras motivações? Após perder o sobrinho, Knight responde ao companheiro: "Ele não morreu com honra, ele simplesmente morreu." O protagonista leva o corpo do jovem para a mãe e a partir deste momento é considerado desertor. Determinado e ao mesmo tempo refugiado em um Pântano com escravos foragidos, o personagem torna-se líder de causas significativas: A independência do Estado de Jones, no Mississippi e a questão racial.  A narrativa peca em alguns aspectos no roteiro por explorar subtramas desnecessárias que desviam o foco da trama principal. A montagem prejudica o ritmo do filme ao enfatizar a história de um parente distante de Knight. O mesmo acontece com a primeira esposa do personagem, interpretada por Keri Russel. O núcleo familiar é aprese...

"Isso parece uma novela" (Bad Boys Para Sempre)

O começo de Bad Boys Para Sempre é basicamente um resgate do primeiro filme dirigido por Michael Bay. Mike e Marcus estão em um carrão em alta velocidade trocando ofensas e piadas enquanto percegue suspeitos. Além de todas as referências, a trama gira em torno de vingança, uma vingança mexicana. Sim, os vilões são mexicanos. Bandidos de um lado, policiais do outro e segredos revelados.  Will Smith sabe como lucrar na indústria, apesar de algumas escolhas equivocadas em projetos passados, Bad Boys Para Sempre parece uma aposta acertada do produtor. Desde o primeiro longa a química entre os atores é o que move a trama e na sequência da franquia não seria diferente. Martin e Will são a ação e o tom cômico da narrativa. Os opostos são explorados de forma intensa. Martin está mais contido com a chegada do neto e Will na intensidade de sempre. As personalidades se complementam apesar da aposentadoria momentânea de Marcus. Tudo ganha contornos diferenciados quando a família em to...