Na última semana, Han Solo: Uma História Star Wars gerou discussão entre os fãs que acompanham e cresceram imersos no universo de mestres, jedis e a galáxia tão distante. O questionamento principal gira em torno da necessidade de responder perguntas que para alguns são desnecessárias. A origem do nome Han Solo? Como Chewie e o protagonista se conheceram? Como Han ganhou um das naves que é um dos símbolos da cultura pop? Se o propósito é estender o universo, a pergunta principal seria: Por que não? O espectador ganha. Aquele que é fã quando tudo começou e os pequenos que tem contato recente com o universo. Foi assim em Rougue One. Mas será que Han Solo é um filme, no mínimo, interessante? Sim, no que ele se propõe. O puro entretenimento.
A trama gira em torno de contrabandistas de combustível (nada mais atual). A crise em uma parte não explorada da galáxia só aumenta. Escravizados, Han e Qi´ra, não hesitam em tentar de todas as formas fugir. Temos o primeiro acerto do filme : o design de produção. Levar ao espectador algo novo e sujo. Mais terreno. Estamos falando de ladrões, portanto, a produção do filme enfatiza a atmosfera transformando a locação em um ambiente pobre e escasso. O primeiro ato da trama possui um ritmo pulsante e frenético. Han Solo conhece Chewei de uma maneira bem interessante e que se encaixa perfeitamente na realidade da dupla. Após escaparem, o protagonista utiliza um pouquinho da famosa lábia para convencer Val e Tobias a entrar no grupo. Olha outro grupo de Star Wars em formação. É preciso mencionar o carismático piloto Rio Durant, novo personagem, que conquista o público infantil logo na primeira cena em que aparece. Ele é responsável por guiar a nave e resgatar o restante do grupo. Mas algo dá errado e os personagens voltam sem a carga.
Ron Howard entrou no meio da produção e imprimiu autoria ao filme. O que temos no primeiro ato, um ritmo acelerado, mas com tempo de tela suficiente para explorar e deixar o espectador familiarizado com os personagens, não se repete nos demais atos. O ritmo permanece, porém, o público não consegue acompanhar tudo que é proposto. A autoria do diretor se faz presente, mas aos poucos se perde no meio do caminho. O que cativa novamente o espectador são os personagens de Donald Glover e Phoebe Waller - Bridge. Glover não possui o peso nas costas de interpretar um personagem tão famoso quanto Han Solo. O trabalho do ator é cativante e ganha a tela. O filme cresce com a presença de Lando. O que dizer de L3 - 37? Uma personagem que luta pelas minorias com ideias revolucionárias? No meio de uma batalha, a personagem diz: " Encontrei o meu propósito". Levar essa mensagem para o público infantil é importante e necessário. Mesmo com personagens cativantes, os atos perdem força e aos poucos o espectador se distância da trama.
Críticas foram feitas em torno do ator Alden Ehrenreich ao interpretar o jovem Han Solo. Harrison Ford deixou uma marca significativa para o personagem. O apego dos fãs em torno da aura de Han permanece inabalável. Mas é preciso ao menos destacar a coragem e determinação do talentoso ator (quem assistiu Avé, César sabe que ele é ótimo) que fez o que esteve ao seu alcance para não somente copiar os trejeitos do protagonista. Ele não fica ofuscado pelo restante do elenco. Star Wars é assim. Todos os personagens precisam funcionar para que a trama tenha força. A tarefa era difícil. Foi a melhor escolha? Foi uma escolha. As críticas iriam surgir independente do ator. Alden causa estranhamento no começo do filme, mas compreende o personagem e entrega um trabalho competente. Um dos equívocos que acompanham o personagem é a origem do nome. É de uma falta de criatividade sem tamanho. Um personagem tão emblemático merecia algo melhor, apesar do contexto dramático envolvido. Daí a César, o que é de César. Culpa do roteiro, não do ator.
Han Solo: Uma História Star Wars propõe ao espectador um leve entretenimento que se perde nas mãos e no ritmo acelerado de Howard. Apesar do começo promissor, a trama leva o espectador para uma sucessão de reviravoltas previsíveis do roteiro. E o inevitável acontece: o distanciamento constante do espectador durante o filme. A pergunta que não quer calar persiste: era necessário um filme de Han Solo? Temos personagens novos cativantes, uma equipe formada, o timing cômico característico da franquia, um personagem da velha guarda (Chewei eterno no coração de todo fã) e apesar das falhas, um bom entretenimento. Tudo que marca a franquia está presente no filme. Menos a força. "Literalmente". Além da pergunta, o sentimento que fica é de termos mais um filme de Star Wars.
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