O que fazer quando o fio condutor da trama se esgota e o estúdio precisa finalizar a trilogia? Visando obviamente os lucros e tentando levar aos cinemas os leitores dos livros de E. L. James (II), a trama em si é o que menos importa, afinal de contas, os filmes anteriores já deixaram claro para o espectador mais exigente a mensagem: se deixe levar pela trilha sonora e as cenas mais quentes do casal. O projeto seguiu em frente e 50 Tons de Liberdade finalmente encerra a trilogia.
O que realmente motiva o espectador para ver o final da trama do casal é uma aura inesperada, ou esperada, de comédia. O tom cômico é o que move as cenas, já que a trama é inexistente. É preciso ter em mente que a trilogia poderia ser facilmente resumida em um único filme. O projeto continuou e com ele a comédia também atingiu os envolvidos. Os atores estão mais soltos nos personagens e compreendem que o objetivo do filme é não ter objetivos. E assim, o elenco conduz os personagens de forma leve e divertida.
Quando a maior preocupação do protagonista é exigir que a esposa troque o email profissional e acrescente "Grey" para que todos vejam que ela agora é casada, alguma coisa está fora da ordem. É preciso acrescentar algo no roteiro que tenha peso dentro da trama. Personagens voltam e assombram a vida do casal. A tensão está no ar. Christian percebe que a mulher está agindo de forma estranha. No meio do segundo ato, entre gargalhadas, o roteiro entrega ao espectador uma pérola atrás da outra. Os protagonistas brigam por motivos infantis e resolvem explorar o quarto vermelho para aliviar a tensão. Tensão interrompia constantemente pela montagem. O ritmo é quebrado pelo elemento narrativo embalado por trilhas que proporcionam ao filme a sensação de vídeo clipe.
50 Tons de Liberdade explora conflitos que são solucionados de forma abrupta e geram risos no espectador. Diálogos rasos e infantis embalam o sexo e brigas do casal. O que salva mesmo na trilogia é o protagonismo necessário de Dakota Johnson como Anastasia. O roteiro é certeiro somente no desfecho quando reforça o protagonismo da atriz na frase : " Agora quem manda é você, Mrs. Grey!".
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